Setembro Amarelo, empatia, depressão e meu tio

quarta-feira, 7 de setembro de 2016


A ironia é algo muito presente na nossa vida, tanto em situações humorísticas quanto em situações tristes e até esdrúxulas. Pessoas que começam a namorar no "Dia da Mentira"... Nascimentos no "Dia de Finados"... E hoje, especialmente HOJE, aconteceu algo irônico e muito triste na minha família: o meu tio se suicidou justamente no mês de combate à suicídio e às vésperas do dia de combate à depressão/suicídio (Dia 10 de Setembro).

Como eu acabei de saber disso, pois foi algo que aconteceu hoje mesmo, minha mente fica vazia... Sem saber o que pensar e o que sentir, mas, com certeza, esse sentimento não é o de alegria.

As poucas coisas que conseguem passar na minha cabeça, neste momento, é que as pessoas subestimam demais a gravidade de uma doença chamada depressão. Essa doença é que é o mal do século XXI (e quando me refiro a "mal", não falo com conotações religiosas e sim, em coisas ruins muito recorrentes). As pessoas, aos poucos, estão descobrindo curas para a AIDS... Curas para o câncer (que também é uma doença grave e comum atualmente), mas não soube de ninguém que descobriu uma cura para a depressão.


A doença não é nova, mas ainda não existe cura para ela... O melhor que a pessoa pode fazer é conviver com ela de maneira em que ela não se sinta tão mal, mas é algo cíclico, onde as pessoas têm momentos em que conseguem "se libertar" da doença por uns instantes e depois, bate a época de profundo desânimo. É uma doença que deve ser acompanhada por especialistas (psicólogos, psiquiatras e/ou neurologistas) e que deve ser MEDICADA, com remédios prescritos por alguns desses profissionais.



Fico impressionada com alguns casos de pessoas que têm depressão e me pergunto "Como isso começou? Como essa pessoa ficou assim? Como ela chegou a esse ponto? Como é que essa pessoa não consegue enxergar o quão maravilhosa ela é? Por que ela não acredita em si mesma ou que é capaz de 'sair dessa'? Por que alguns cientistas se preocupam mais em criar novas doenças para controle mundial do que em curar doenças tão sérias como essa? Por que as pessoas não conseguem ver o quanto deve ser terrível e angustiante uma doença em que alguém não vê razões para viver e mal consegue se levantar da cama, pois tamanha é sua tristeza... Sua dor... Seu sofrimento...?"


Em uma postagem que fiz, falei sobre a importância da tristeza (O mundo que não permite a tristeza) e tmb falei que tristeza em excesso é um problema, mas que não dar atenção a ela pode ser muito mais problemático, pois se vc não olha para o que te deixa infeliz, como você poderá transformar isso? Como você pode ser feliz se você não combate o que te deixa triste ou, pior ainda, se você não reconhece o que te deixa triste? É importante desabafar e colocar a tristeza para fora, num mundo onde vc é obrigado(a) a mostrar o quanto é feliz no Instagram e Redes Sociais e onde vc se vê mais e mais atolado(a) de atividades e obrigações. Talvez seja esse um dos motivos da depressão ter crescido tanto - esse reconhecimento do aparentemente sucesso alheio e a visão do seu "fracasso" que, muitas vezes, pode nem ser um fracasso. Apenas não chegou a sua hora e cada um de nós temos tempos diferentes.





Nessa mesma postagem, falei da importância da Empatia e eis que torno a repetir: nunca... NUUUUUUNCA desmereça o sofrimento dos outros. NUNCA! Nunca pense que é frescura! Nunca ache que é besteira, pois do mesmo jeito que temos tempos diferentes, temos sensibilidades diferentes. O que é tocante e avassalador para mim pode não ser tocante e avassalador para você.





Outra coisa que gostaria de comentar sobre a Campanha do Setembro Amarelo, que está sendo super-divulgada nas Redes Sociais é que, na minha opinião, toda ajuda é válida. Já li alguns posts criticando pessoas que se oferecem para conversar com pessoas que pensam em suicídio, pois deveriam procurar profissionais e tal e eu JAMAIS desvalorizaria a importância dos profissionais de saúde mental, mas acho que tem alguns casos que só o que a pessoa precisa é de alguém que a ouça um pouco. Só. Pode ser amigo(a), conhecido(a), familiar... Eu não descartaria a ajuda dessas pessoas que estão se oferecendo, de coração, para tratar de um assunto tão grave e sério, pois às vezes, uma palavra amiga já basta e esse(a) mesmo(a) amigo(a) que se ofereceu para ajudar pode sugerir que a pessoa procure ajuda profissional e pode até ajudá-lo(a) com contatos e tudo o mais.


É importante que as pessoas não vejam outras que pensam em suicídio e as julgue como "pessoas fracas"... É muito fácil rotular as pessoas assim. O suicida não pensa, de fato, em acabar com a própria vida... Ele quer dar fim ao seu sofrimento...



Por fim, é irônico pensar que esse meu tio, com esse histórico de depressão se matou, justamente, no Dia da Independência brasileira...

Agora, sua alma independe do corpo... E assim, espero que, de alguma forma, ele tenha se libertado de toda dor que ele estava sentindo...


PS.: esse post tmb é um tapa na minha própria cara.