Frankenstein, Mary Shelley e a Rejeição

quinta-feira, 26 de novembro de 2020



Há anos atrás, havia assistido ao filme "Frankenstein de Mary Shelley", de 1994, dirigido pelo Kenneth Branagh e produzido pelo Francis Coppola, que havia me mostrado "uma outra versão do monstro" e eu mal sabia que aquele era o verdadeiro Frankenstein, baseado no livro da autora. Essa obra foi a primeira obra de ficção científica do mundo e foi escrita por uma mulher, numa época em que elas tinham que assumir pseudônimos masculinos para terem seus livros publicados, ou seus maridos levavam todo o crédito por algo que não escreveram. 

Trailer de Frankenstein de Mary Shelley:



Eu tenho umas listas de filmes e séries que pretendo assistir e entre elas, estava o filme da escritora inglesa "Mary Shelley", de 2017, dirigido por Haifaa al-Mansour e escrito por Emma Jensen e fiquei super-curiosa, porque gosto de saber da vida dessas mulheres que fizeram parte de nossa história e são tão pouco conhecidas ou estudadas.

Após assistir ao filme sobre a vida dela, tão marcada por muitas perdas, tristezas, rejeições e abandonos, deu-me uma imensa vontade de ler a obra-prima que a consagrou. 

Trailer de Mary Shelley:



Fazia muito tempo que não lia um livro de ficção/romance, pois, na maior parte do tempo, tenho lido textos acadêmicos e/ou matérias jornalísticas, falando sobre canto, teatro, acontecimentos atuais, reflexões, etc. Até já havia me esquecido o quanto essas obras de ficção me deixam tão ávida por leitura. 

Normalmente, sou uma leitora lenta, porque me perco em divagações e por ter outros afazeres que me fazem esquecer ou protelar os livros que estou lendo (inclusive, tenho muitos livros nessa situação, com leituras incompletas), mas esse, cujo arquivo possui 205 páginas no total, devorei em apenas um dia e me orgulhei muito disso! Só não foi um dia certinho porque fiz algumas pausas, uma delas bem longa, mas se não fosse isso, somando as horas de leitura, foi tudo em apenas um dia. 

Ao ler o livro e assistir o filme do Branagh e o outro da vida da autora, eu me questiono "por que diabos o cinema transformou o Frankenstein num monstro verde, burro e lento? A versão clássica cinematográfica mostra um dos monstros mais bobos que eu já vi e pela versão original da Mary Shelley, o Frankenstein tem NADA A VER com essa figura tão patética!"


Tanto o filme que retrata a vida dela, quanto a obra, me fizeram pensar no que a Clarissa Pinkola Estés, autora do livro "Mulheres que Correm com os Lobos" fala sobre o poder curativo do mito e da literatura como um todo e, de certa forma, como a história é fictícia, poderíamos dizer que se constitui num mito e, inclusive, o subtítulo dessa obra é baseada no Prometeu (o nome original da obra da Mary Shelley é "Frankenstein, ou o Prometeu Moderno), figura da mitologia grega que é um titã, filho de Jápeto e irmão de Atlas, tido como o criador da raça humana.

Prometeu moldando o homem através do barro
Ilustração: Mike Azevedo


Foi muito interessante observar as influências da autora, no filme, que a levaram a escrever a obra e uma delas foi a paixão que ela tinha pela tragédia grega, tendo "A Ilíada" de Homero como um dos objetos mais preciosos que seu pai possuía e por escassez de recursos, ele quase vendeu esse tesouro.

Para quem não conhece a história, eis a síntese: o cientista Victor Frankenstein deseja descobrir os segredos entre a vida e a morte, descobre sobre o galvanismo (estudo da eletricidade por meios químicos) e decide criar um novo ser humano em tamanho maior (2,30m) por motivos de estudo, mas ao dar vida a esse ser, ele fica tão apavorado que foge de sua criação e o abandona, pois viu que "havia dado luz a um monstro."

Aliás, um fato interessante é que “o monstro” não é chamado de Frankenstein em nenhum momento, porque ele sequer recebera um nome ao nascer. Frankenstein é o sobrenome de Victor, seu “pai”, portanto, o personagem é um sobrenome sem nome, dessa forma, tratarei a criação por Frankenstein e o doutor, chamarei pelo primeiro nome.


Na primeira parte da obra, nós lemos sobre a situação da criação de acordo com a ótica do Dr. Victor e na segunda parte, vemos sob a ótica do Frankenstein. A forma com que este último relata sua experiência e como foi aprendendo tudo sozinho, ao seu criador, me faz lembrar Calibã, da obra “A Tempestade” de Shakespeare (que é outra referência da autora): uma criatura de aparência hedionda, que todos sentem imensa repulsa e que é, por muitos, tido como um monstro, mas que têm alguma magia e uma delicadeza no modo de ver o mundo, bem como uma enorme sensibilidade... Algumas das falas mais bonitas de ambas as obras (“Tempestade” e “Frank”) são ditas, justamente, pelos “monstros”. 

São tantas as questões que me vêm à mente quando penso nesses filmes e livro, que é difícil saber por onde começar... 

Victor queria tanto entender o limite que separa a vida e a morte e por mais que tivesse fins benignos de prolongar a longevidade humana e que se esforçasse em "esculpir o ser perfeito", ele o constrói com restos mortais, cria um ser de aparência horrenda e se sente amaldiçoado por isso. Isso me faz lembrar, também, o dito popular “de boas intenções, o inferno está cheio.” 


O Dr. Victor ficou tão empenhado e obcecado com o seu novo intento que me faz pensar que “nossas obsessões criam monstros”. 

Penso, também, que a criação do Frankenstein seja um convite à reflexão sobre as coisas que ultrapassam "a natureza humana" e me vêm à mente algumas perguntas difíceis de responder: o que é a natureza humana? O que é natural?

Como o ser foi criado de uma maneira diferente da relação sexual que resulta no parto, ele é sobrenatural e, no entanto, sua rejeição revela muito da crueldade humana que depois, faz com que ele se torne no monstro que tanto dizem que ele é, devido à sua aparência.

Assim que nasceu, ele foi rejeitado pelo seu criador e, desde então, vagava pelo mundo, buscando o amor e a aceitação de alguém, mas bastava que olhassem para ele que as pessoas sentiam uma imediata repulsa e sequer o viam como um semelhante... Como um ser humano... E, em sua enorme sensibilidade, ele se mostrava muito mais humano do que os seres humanos, que foram incapazes de um só ato de bondade para com ele...


Isso me faz pensar também que ver seres ou pessoas como monstros é uma questão de perspectiva, muitas vezes, pois os humanos foram muito mais monstruosos com o Frankenstein por lhe negarem afeto do que ele com os humanos. Frankenstein machucou apenas as pessoas que eram caras ao Dr. Victor, por estar irritado com tamanha rejeição "de berço" e essa era a forma que ele encontrou de se vingar e chamar a atenção do seu pai, que depois passa a persegui-lo. Não é a melhor forma, evidentemente, mas "toda raiva tem uma tristeza escondida" e esses sentimentos nos cegam, muitas vezes e assim, nem o Victor enxergava a sua responsabilidade afetiva de dar um pouco de afeto a seu filho, nem Frankenstein enxergava a sua responsabilidade de deixar atrás o que não te serve mais e tentar viver de uma outra forma.

Também vale a pena ressaltar que Frankenstein fora criado já em forma adulta, mas ele aprendeu tudo sozinho: que o fogo queimava e machucava, mas que também o podia manter aquecido; aprendeu a falar e a ler sozinho e os trechos em que ele relata como ele aprendeu tudo isso e como ele via o mundo é de uma beleza encantadora e tão pura, digna do olhar de uma criança e eis outra coisa que me vêm à mente - apesar de sua forma adulta e gigantesca, ele é como se fosse uma criança, com poucos anos de idade e muitas crianças não têm muita noção da vida e da morte, nem do perigo, nem nada.

Assistir e ler a história do Frankenstein me faz lembrar das dores da rejeição... O quanto nós, muitas vezes, nos sentimos horrorosos(as) por não estarmos no padrão homem, branco, magro/fitness, heterossexual e jovem e o quanto nós, seres humanos, já lidamos com esse desprezo, em algum momento de nossas vidas, seja ele feito por uma pessoa específica ou pela sociedade.


O que precisamos compreender é que, na maioria das vezes, a rejeição tem mais a ver com quem rejeita do que com quem é rejeitado(a) e, se o caso for social, o problema está na sociedade e na sua estrutura racista, gordofóbica, homofóbica e gerontofóbica. 

Até lembrei de um momento em que o marido da Mary Shelley, no filme, pergunta "por que uma criatura remendada e grotesca e por que não um anjo?" e eu concordo com a opinião da autora, que não foi com essas palavras (pois ela questiona a vida deles, enquanto marido e mulher), mas com essa intenção: porque nossa vida nem sempre é perfeita, como um anjo. Ela se parece mais com o Frankenstein mesmo, que mesmo em sua notável imperfeição, é perfeita do jeito que é, com seus rasgos e retalhos, que nos tornam tão únicos(as).


Quantas e quantas vezes eu não me senti um Frankenstein porque reparavam o meu corpo gordo na praia ou na rua, de maneira descarada e com visíveis olhares reprovadores e até de nojo, tal como se eu fosse "o monstro"? Quantas e quantas vezes eu não me senti um Frankenstein por comentários gordofóbicos que as pessoas fazem sem saber ou sentir, sob a desculpa de "estou falando para o seu bem, porque me preocupo com a sua saúde"? Quantas e quantas vezes não me senti um Frankenstein por ser artista e considerarem isso "coisa de gente vagabunda"? Quantas e quantas vezes não me senti um Frankenstein por tantos amores que quis viver e só levei "nãos" e, alguns desses "nãos", eram por causa do meu corpo? Quantas e quantas vezes...?


Somente quem tem empatia e conhece as dores da rejeição conseguem ver o Frankenstein da forma extraordinária que ele é e que, nós mesmos(as) precisamos olhar para esse ser sobrenatural dentro da gente e amá-lo do jeitinho que ele é.

Nós precisamos desse olhar mais compassivo conosco, senão, podemos nos tornar o monstro que todos imaginam que o Frankenstein seja, por não acolhermos a nossa sombra e não nos conhecermos.

É, queridos(as)... Autoconhecimento dói. E quem disse que seria fácil? 

Tal como o "monstro", nós somos pedaços de nós mesmos e nossas histórias, que deixam marcas muito profundas e assim, vamos nos ferindo, nos fragmentando e nos remendando novamente, numa linda colcha de retalhos ou num belo vaso Kintsukuroi.


Mnemósine

sábado, 31 de outubro de 2020

Quadro Mnemosine (também conhecido como Lâmpada da Memória e Ricordanza), de Dante Gabriel Rossetti (1876 a 1881)



Memória que se vai
Ao despertar do dia
De algo que se dizia
Quando a noite cai

Filha de Urano,
Mãe das musas
E que deixa confusas
As mentes do humano

E inspiram artistas
Com belas lembranças
E também as crianças
Com suas conquistas

E também, traiçoeira
Some no momento
E com o esquecimento
Amaldiçoa quem a queira

Bênção ou praga
A critério de quem interpreta
Seja cantor(a) ou poeta
Ou qualquer um(a) que a traga

E que faz parte de nós
Num se achar e se perder
Na luta para permanecer...
À tua inconstância, dou voz.


(Daliana Medeiros Cavalcanti - 31/10/2020)

Anseio pulsante

quarta-feira, 26 de agosto de 2020



Imersa em desejos,
Calor e suspiro
E romper-me em beijos
Com quem me refiro

Numa troca de águas
Saliva e suor...
Afastando as mágoas
Palpitando o cor

Carícia e toque
Afago e arrepio
Que em ti provoque
Doce desvario

Encanto e essência
Ao som de gemidos
E efervescência
Fusão de sentidos

Sussurros e juras
E os corpos em gozo
Sorriso e ventura
Repouso

Meu amor adormece
Meu sonho desperta
Ilusão que aquece
Coração que aperta

Nada aconteceu!
Só em minha mente
Que vive o que não viveu
Tal paixão ardente

Ardor que me arrebata
Realidade me golpeia
Dúvida que me mata
Esperança titubeia...

Excesso de sensatez
Quando quero enlouquecer!
E devia, talvez...
Deixar arrefecer...


(Daliana Medeiros Cavalcanti - 26/08/2020)

Você ouve ou escuta?

domingo, 23 de agosto de 2020

Ilustração: Merijn Hos
Texto: Daliana Medeiros Cavalcanti


Essa pergunta soou estranha para você?

Talvez seja mesmo, mas antes de responde-la, você sabe a diferença entre “ouvir” e “escutar”?
Para melhor dialogar com essa reflexão, citarei a Nicole Jeandot, uma educadora e autora do antigo livro “Explorando o Universo da Música”, que traz um interessante conceito sobre a “escuta sensível e ativa” para crianças.

Ela diz que:

“Para ouvir, basta estarmos expostos ao mundo sonoro e possuirmos o aparelho auditivo em funcionamento. Nunca cessamos de ouvir, de receber as impressões dos ruídos, dos sons. ‘Não podemos fechar a porta aos sons: não temos pálpebras auditivas.’ (Herbert Marshall McLuhan)

A escuta envolve interesse, motivação, atenção. É uma atitude mais ativa que o ouvir, pois selecionamos, no mundo sonoro, aquilo que nos interessa. Dessa maneira podemos perceber na música seus elementos constituintes, como a tonalidade, os timbres, o andamento, o ritmo, etc.

A escuta também envolve a ação de entender e compreender, ou seja, de tomar consciência daquilo que se captou através dos ouvidos.”
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A citação é um pouco longa, mas explana bem essa diferença.

Alguns de vocês devem se perguntar “mas Dali, você estava falando sobre história da ópera, falou sobre canto lírico... O que diabos ‘ouvir e escutar’ tem a ver com isso?” e eis que eu respondo: TUDO!

Precisamos escutar os instrumentos para cantarmos no momento certo. Precisamos escutar as dicas técnicas das(os) professoras(es) de canto, das(os) coaches e das(os) profissionais que estão nos orientando. Precisamos escutar o colega ao nosso lado e parar de enxerga-lo como um rival e sim, como um colaborador. Precisamos escutar a regência. Precisamos escutar a direção cênica. Precisamos, antes de tudo, ter uma escuta que não se restringe à audição, mas ao corpo todo e à percepção consigo mesma(o) e com a(o) outra(o) em termos de cena e, acima de tudo isso, como uma filosofia de vida. Tudo está interligado.

Olhar Intro-Vertido


Quando era criança, ouvia coisas tipo "essa menina é muito encabulada", "essa menina é muito quieta", "essa menina é muito tímida" e cresci compreendendo que isso era ruim.

Essa sensação aumentou quando, na adolescência, eu não me interessava muito por festas, nem por ambientes cheio de gente, nem por pessoas que "falam, falam e não dizem nada"* e sempre fui vista como uma menina esquisita.

Já adulta, via que as qualidades que as pessoas buscavam nas outras, especialmente no mercado de trabalho eram pessoas "extrovertidas, comunicativas, que falem bem em público", que eram coisas que me faltavam e comecei a buscar isso - fiz cursos de como falar em público, busquei a Arte, especialmente a música e o teatro (onde me encontrei e me apaixonei), mas em conversas com psicólogas, durante as terapias, ouvi uma delas dizendo "não existe ex-tímida, Dali. O que existem são pessoas que lidam melhor com as suas inseguranças".

"Então, eu não tenho salvação"
, pensei.

Dentro dessa timidez e introspecção, constantemente, vivem monstros em mim que me assombram, dizendo: "não está bom o suficiente. Você vai parecer ridícula. Você poderia ter feito muito melhor. Olha aí o defeito! Todo mundo vai ver!"

A Arte foi uma enorme libertadora, nesse sentido, pois despertou sensibilidades comigo e com o outro que antes, eu não tinha.

Não que os monstros tenham deixado de existir - eles ainda estão lá, mas agora, eu sento com eles para tomar um chá e acolho, perguntando "ok. O que houve dessa vez?"

E com o tempo, você aprende que essas características são suas e conforme crescemos, vamos nos lapidando e lidando melhor com elas.

Bem que aquela psicóloga me disse!

Estava acostumada a essa caraterística, que sabia que não ia agradar a todes e eis que surge uma reviravolta: a COVID-19.

Durante essa pandemia, tenho visto várias pessoas extrovertidas enlouquecendo por não poder interagir com outros, pessoalmente, ou sair de casa e o que era um "defeito", eu passo a ver como uma centelha positiva num momento trágico como esse, porque como estamos interagindo pouco, fisicamente, estaremos num contato muito maior com nós mesmas e essa intimidade nem sempre é tranquila ou agradável, mas pode se tornar.

Escutar a si mesma pode ser algo extremamente difícil para algumas pessoas, principalmente, as que possuem aspectos mais extrovertidos, pois essas características têm a ver com a forma no qual relaxamos - os introvertidos descansam quando estão sozinhos e os extrovertidos, quando estão rodeados de pessoas, o que é algo mais difícil de fazer em tempos como esse, em que devemos evitar aglomerações.

Algumas pessoas dispõem dos recursos tecnológicos, mas, mesmo podendo manter esse contato a distância, nada substitui o contato humano.

Lembram-se dos monstros? Todes nós os possuímos e é nesse período de vulnerabilidade que eles atacam com mais força e não adianta brigar com eles - tem que acolher e saber o motivo dessa "revolta" toda.

Isso é autoconhecimento.

Isso é solitude
, que é o maior e melhor presente que podemos nos dar em situações como essa, cuidando de si e dos outros, para que no futuro, passada a pandemia, possamos matar as saudades com grandes abraços e o toque, cheiro e calor da pele humana.

É até curioso ver que existem cursos e guias que ensinam como ter alguns traços mais extrovertidos, para quem é introvertido, mas dificilmente, eu vejo guias que ensinam o contrário.

Seja lá qual for a sua característica, mergulhe para dentro, veleje em suas ondas e contemple a beleza dos seus profundos mares internos, que te fazem única(a) e como é bom reconhecer os nossos pontos mais fortes e os mais fracos.

O mar não é só água - ele também tem espuma, sais minerais e ele carrega também os grãos da areia sob ele, além de abrigar a vida e os seres mais incríveis e até assustadores.

Assim também somos nós.

Não existe um oceano igual ao nosso.

.............

* Só para fechar "com chave de ouro", uma música que apresenta uma forte característica dos introvertidos - somos bons ouvintes e não falamos à toa. Com vcs, "Fala", dos Secos e Molhados.

Liberdade ou ilusão?

terça-feira, 18 de agosto de 2020


Nós somos realmente livres ou apenas vivemos a ilusão de liberdade? 

Vejo tanta gente que gostaria de viver uma coisa, mas acaba vivendo outra por medo...

É difícil trilhar novos caminhos... É difícil ir na contramão do que a sociedade dita como "correto"... É difícil bancar os seus próprios desejos e vivê-los num mundo que, constantemente, só quer te encaixar em moldes que, muitas vezes, não funcionam...

E daí, o que fazemos? Vivemos a dor de repudiar nossos próprios desejos para termos a alegria de sermos aceitas na sociedade ou vivemos a alegria de abraçar nossos desejos e a dor de sermos estigmatizadas socialmente?

Eis o grande conflito humano...




Silêncio e liberdade

quarta-feira, 15 de julho de 2020


Pobre moça tão sofrida...
Tanto medo, tanto receio
Que há de explodir o seio
Tanta dor, tanta ferida..

Constrói espessas muralhas
Protegendo seu entorno
Qual será o seu transtorno?
Contra quem são as batalhas?

Sob ameaça suposta
Assustou-se com o invisível
E escolheu o indizível
Como amarga resposta

O silêncio outrora imposto
Começou como opressão
E tornou-se libertação...
Causou em ti o oposto

Me liberto ao me calar
E você, em sua censura
Se prende na postura
De não me deixar falar

Não preciso de mordaça
Pois você já está inerte
Na prisão que te converte
De caçadora a caça

É refém do próprio ego
Que te impede de agir
E ver o carinho ressurgir...
Essa culpa, eu não carrego

Meus amores, confesso
Os meus erros, redimo
Meus versos, eu rimo
De teu fardo, me despeço.


(Daliana Medeiros Cavalcanti - 16/07/2020)

Ser e estar

sábado, 20 de junho de 2020

Quadro: "A Visão de Hamlet" (1893) de Pedro Américo (1843-1905)

A forma como nossa língua é estruturada tmb molda nossa forma de pensar.

Nosso português e o espanhol diferenciam "ser" e "estar" - "ser" como algo mais permanente e "estar" como algo mais passageiro. Já as línguas como o inglês, francês e o alemão, "ser" e "estar" são a mesma coisa.

Isso me faz pensar que quando queremos nos reafirmar como alguma coisa, usamos o "ser": "eu sou assim", "eu sou bonita", "eu sou inteligente", "eu sou sempre assim" e isso pode fazer maravilhas para nossa auto-estima, quando fazemos afirmações positivas. Nós reafirmamos algo positivo e que é uma característica permanente nossa, mas nem sempre fazemos isso com nós mesmos... É muito comum afirmarmos "eu sou feia", "eu sou abestalhada", "eu sou infeliz"... E é bem ruim quando reafirmamos algo negativo e permanente...


Nas línguas em que ser e estar são a mesma coisa, acho interessante pq admitem que a pessoa vive fases... Está em permanente mudança e estado de alteração, então, "você está bonita", "você está inteligente", "você está assim agora". Isso já é ótimo para lidar com sentimentos negativos e até lembrei de um comentário maravilhoso de uma neurologista chamada Cláudia Feitosa-Santana que disse que esse pensamento é até legal para lidar com coisas sérias como as doenças mentais. "Você não é a doença, mas você está com ela agora". É até uma forma mais branda de lidar com a depressão, por exemplo, segundo a própria especialista.


Às vezes, é difícil admitir pra nós mesmos que não somos seres permanentes e vamos morrer um dia, seja num comportamento e atitude, seja o nosso próprio corpo... Então, estamos vivos agora e podemos escolher "ser vivos" perante a nossa "permanência impermanente" na Terra.


Talvez, seja mais difícil pra nós, que separamos o que é passageiro do que é permanente, lidarmos com isso...

Talvez por essa admissão do que é permanente crie tantas "certezas" como "homem é homem e mulher é mulher". Talvez, seja mais fácil acreditar nisso do que "o homem está homem HOJE, mas pode não estar amanhã e a mulher está mulher HOJE, mas pode não estar amanhã tmb". Todos nós mudamos e está tudo bem.


Trocamos de roupa... De amigos... De escola... De trabalho... Nós realmente precisamos ser? Por quê ou pra quê? Até que ponto as auto-afirmações e definições são necessárias?

Enfim... Mais algumas viagens "louca na droga", de madrugada. Hehe!

Beijos! 😘😘😘

Dia 24 de Maio: dia de Santa Sara Kali, Padroeira dos Ciganos

domingo, 24 de maio de 2020


Hoje é o Dia da Padroeira dos Ciganos, Santa Sara Kali e Dia Nacional dos Ciganos, e queria só partilhar uma experiência que tive...

Há muitos anos atrás (entre 2003/2004), eu estudava Sistemas de informação e estava estagiando na CODERN. Estava perto de concluir o curso e o estágio que consegui foi por ser aluna de 5º/6º período, mais ou menos.

E aí, tinha descido do ônibus e estava andando apressada, a caminho do estágio, para bater o ponto no horário correto, até que uma senhora negra, bem velhinha (lembrava a Coco de tão enrugada, mas com cabelos negros)... Parecia ter uns 60/70 anos ou até mais me parou e perguntou "moça, onde fica a SETURN?". E respondi:

- Ah! É só a senhora andar reto, em direção ao Banco do Brasil, atravessa a rua e fica lá em frente.
- É que eu não sei andar em nada por aqui...


E eu fiquei naquele dilema porque estava muito apressada para bater o ponto, mas apesar do medo de ter meu dinheirinho descontado pelo meu atraso, tenho um coração mole demais, então, falei "venha comigo. Meu estágio é mais ou menos no caminho, então, te acompanho até lá por perto."

E por ser uma idosa, os passinhos dela eram beeeem lentos e a voz dela tão baixinha e gasta de tão velhinha... Muitas vezes, eu sequer entendia o que ela dizia e ela tinha que repetir. Eu tinha pouco menos de 20 anos na época, então, meu ritmo era bem diferente do dela e tinha vezes que andava apressada, ainda com medo do atraso e quando percebia que deixava ela para trás, algumas vezes, parei com a pressa e andei beeeeem devagarinho para acompanhá-la, no tempo dela.

- Gosto muito de pessoas educadas como vc. - ela me disse, ao que sorri e continuei os passos lentos e conversei um pouco com ela.

Durante essa conversa, duas coisas me chamaram muito a atenção: quem me conhece, sabe que desde sempre, eu ando para cima e para baixo ou com mochilas pesadas e cheias de coisas ou com pastas ou livros na mão. Eu estava com uma bolsa ou livros num braço (não lembro mais), que estava próximo a ela e como fiquei com o braço cansado, passei para o outro braço e me surpreendi quando ela ficou nervosa e disse:

- Não! Não se preocupe! Eu não vou te roubar!
- Tá tudo bem... Eu só estava com o braço cansado e passei as coisas para o outro braço... - falei impressionada com a reação dela, mas calma, para que ela visse que eu sequer pensei isso dela.

Continuamos caminhando e conversando. Ela perguntou "vc já tem namorado?" e respondi que não e foi quando ela disse: "é porque seu amor está distante... Vem de longe..."

Então, chegamos em frente ao Banco do Brasil e apontei para o lugar: "está vendo? É ali. Consegue ver? Acha que consegue ir lá sozinha?" e estava disposta a ir com ela, caso ela precisasse e ficasse ruim dela ir, mas ela disse que já que ela já estava quase de frente para o lugar, que não me preocupasse pq ela conseguia ir sozinha. E então, ela me pergunta: "vc tem R$ 2,00? Eu poderia ler a sua mão" e foi só então que caiu a ficha - ela era uma cigana!


Fiquei muito, mas MUITO tentada a saber da leitura, mas acho que não tinha o dinheiro e tmb me lembrei que tinha que correr para o trabalho, então, disse que não podia agora por causa da hora, mas ah... Se arrependimento matasse... Hehe! 🤦‍♀️

Sei que ela apenas disse que tudo bem, ficou grata e seguiu o seu caminho ao SETURN. Quando ela foi embora, fui correndo à CODERN e fiquei feliz pq bati o ponto no horário e ainda tinha alguns minutos, então, talvez até tivesse dado para ela ler minha mão e fiquei irritada comigo mesma por causa disso (mas tmb não lembro se tinha o dinheiro).

Foi uma experiência que nunca mais esqueci pq não é sempre que vemos os ciganos, ainda mais, uma cigana de verdade (pq cartomantes e/ou pessoas que dizem que leem a sorte, mas não são ciganas, existem aos montes) e o que me chamou mais atenção nem foi ela ter pedido para ler minha mão e sim, o fato dela pensar que eu achei que ela ia me roubar, quando só mudei minhas coisas de braço, pq meu braço cansou e isso só me faz pensar o quanto o povo cigano sofre um preconceito ENORME e me lembrei tmb de um clássico Disney que amava, que era "O Corcunda de Notre Dame", que tmb falava sobre esse preconceito, mas quando vc vê algo no desenho quando é criança e vc VÊ a reação de uma pessoa, que sofreu esse preconceito na sua frente, é algo muito mais tocante e que mostra, não apenas que o preconceito é real, mas que ele, mesmo sendo antigo, ainda existe e é muito presente na nossa sociedade...


Enfim... Que esse dia seja lembrado para que o povo cigano tenha respeito e que não sejam tratados como ladrões, nem que tenham reações como essa que a senhorinha teve, por normalizarem essa visão deles...

Subnotificação e falácias sobre o COVID-19

quinta-feira, 7 de maio de 2020


Olá a todas(os)!

Como estou muito conectada às redes sociais, leio muitas notícias que apresentam a gravidade da situação em que nos encontramos, mas me impressiono mais ainda com algumas reações a elas.

Entre as manchetes de jornais, nos deparamos com o seguinte:

"Mortes por COVID-19 são subnotificadas. Somos o país da América Latina onde tem mais pessoas morrendo"


E resolvi responder algumas dessas falácias, colocando o link com as notícias para que as pessoas leiam e se informem um pouco melhor e, claro, escrevendo a forma como interpreto algumas dessas informações.

Gostaria de lembrar que não sou jornalista, nem especialista em saúde ou governabilidade: sou uma musicista, mais especificamente, uma cantora lírica e cidadã, mas fiz, minimamente, uma pesquisa na internet e li as notícias para analisar a situação e tecer os seguintes comentários.

Nenhuma descrição de foto disponível.

Falácia 1: "Ah, mas claro! Somos o maior país e com maior densidade demográfica"

Resposta: Sim. Verdade. Somos o maior país da América do Sul em termos de extensão do território e de densidade demográfica, mas, já que vcs estão pegando a questão da população, como vcs explicam o fato dos EUA serem um país mais populoso que o Brasil e o nosso país ter mais óbitos dos profissionais de saúde do que eles? Eles têm mais recursos que nós e monopolizaram muitos dos equipamentos que a China ia transportar para vários países ao redor do mundo, mas nós tivemos mais tempo para nos prepararmos do que eles. A doença não nos pegou de surpresa, ao contrário de lá e, ainda assim, mais profissionais de saúde morreram e muitas pessoas ainda estão morrendo.

Países mais populosos como a China e a Índia tiveram um menor número de óbitos e assim como o Brasil, são países integrante dos BRICS, o que mostra que a questão da densidade demográfica não explica o alto número de mortes aqui, mas medidas eficientes no combate à pandemia, sim.


Outra questão é que o isolamento não está sendo obedecido em nosso país, portanto, esse número de óbitos poderia ser muito menor, mas não está sendo e olhe que essas mortes estão subnotificadas! Muito mais pessoas morreram e muita gente não está sabendo disso!


Falácia 2: "Vcs estão se informando pela Globo, que apoia os comunistas"

R.: A Globo é uma grande empresa e grandes empresários estão ao lado deles mesmos, tanto é que na hora de condenar o PT e os políticos desse partido, teve até cobertura ao vivo das manifestações pedindo o impeachment da Dilma, enquanto o mesmo não ocorreu com as manifestações da esquerda. Motivo? Dilma queria regular a imprensa e isso poderia afetar o monopólio da Rede Globo, que foi um dos canais que mais atacou a presidenta e o PT e que, depois disso, os atacou com mais afinco.

Hoje, temos outro cenário. O Golpe foi concretizado "num grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo", Temer assumiu e depois dele, Bolsonaro foi eleito.

O que a elite que apoiou a candidatura do atual presidente não contava era que ele perdesse apoio de tanta gente e tão rápido (ele está no poder há um ano e quatro meses apenas) e que o COVID-19 fosse tão sério e que chegasse aqui, afinal de contas, eles precisam da mão-de-obra trabalhadora para continuarem enriquecendo e Bolsonaro não faz nenhuma questão pela vida dos brasileiros, mesmo aqueles que o apoiam e é por se dar conta disso que a Globo, que antes, o apoiava, agora está contra ele.

Além disso, o presidente sempre compactuou com os interesses dos pastores evangélicos e por muitos dele exercerem poder sobre a Rede Record, essa emissora está recebendo muito mais recursos, por apoiar o presidente, do que a Globo, ou seja, no final das contas, a Globo só pensa em si e está contra o presidente porque convém a ela sustentar essa posição, o que não significa que ela está a favor da esquerda e/ou do Comunismo.


Falácia 3: "O pior vírus de todos é o comunavírus. Esse é que tem que ser extinto da face da Terra"

R.: Existem muitos comentários de ódio contra o Comunismo, mas poucas pessoas sequer sabem o que é isso. Confundem Comunismo com regimes totalitários e esse autoritarismo pode ser compreendido tanto na esquerda quanto na direita (recomendo que assistam esse maravilhoso vídeo, abaixo, em que o Leon e a Nilce explicam de forma muito didática muitas falácias que existem sobre esse assunto).


Viver num país com sistema político mais à esquerda, não significa dizer que você está sob um regime totalitário, até porque o nazismo era um sistema de extrema-direita e possuía características muito semelhantes a regimes totalitários de esquerda. Aliás, essa falácia vergonhosa de que o "nazismo era de esquerda" só existe aqui no Brasil. Nenhum estudioso que se preze fala tal besteira e, inclusive, a embaixada da Alemanha explicou isso aos brasileiros.

As pessoas que defendem um regime totalitário deveriam rever seus conceitos, pois, pior do que o coronavírus é o vírus da ignorância.


Falácia 4: "Sério que vcs vão obedecer às recomendações da China, aquele país comunista? Eles só colocaram essas medidas de isolamento pq são comunistas e só resolvem as coisas assim"

R.: A China foi onde a epidemia começou, portanto, eles têm mais respaldo no enfrentamento deste vírus. Essa experiência tem auxiliado no combate a ele em vários países do mundo onde, inclusive, a China mandou equipamentos e tentou auxiliar o tanto quanto pode, entretanto, além do presidente americano Donald Trump interferir na compra do equipamento que viria para o Brasil, existem comportamentos irresponsáveis, por parte dos governantes, que estão comprometendo as relações diplomáticas com a China.

Os países que têm seguido essas recomendações de isolamento social, estão lidando melhor com a pandemia e alguns até cogitam a possibilidade de voltar à vida normal, aos poucos. Os que não obedeceram essas recomendações, apresentam um maior número de óbitos e, infelizmente, é este o rumo que o Brasil está tomando.

Eu teria muito mais medo de ser governada por um líder capitalista mentiroso, que está conduzindo as pessoas à morte, com base em notícias falsas do que de uma suposta ameaça de Comunismo no país.


Falácia 5: "Mas na Suécia, não adotaram essas medidas e está tudo bem"

R.: Temos que tomar muito cuidado com falsas associações e essa, definitivamente, é uma delas, pois a realidade sueca é muito diferente da brasileira - o grau de escolaridade alto, a desigualdade social é baixa (portanto, cada pessoa tem a sua casa para morar) e as famílias suecas só dividem alguns cômodos da casa. A maioria vive em seu pequeno espaço, o que faz com que eles estejam mais isolados naturalmente. Existe, ainda, um alto índice de uma única pessoa morar na residência, portanto, não houve uma necessidade muito grande de fazer isolamento porque as poucas pessoas que vivem na Suécia já estão, naturalmente, isoladas.

Isso se parece, em alguma coisa, com o cenário daqui? Se não parece, é uma falsa associação e as medidas adotadas lá, com certeza, não funcionariam aqui.


Falácia 6: "Precisamos trabalhar. Vcs que querem matar o pobre trabalhador de fome!"

R.: As pessoas que falam essa frase possuem uma falsa preocupação com o trabalhador, pois as pessoas que foram pedir pelo retorno ao trabalho organizaram uma carreata e poucos são os trabalhadores, especialmente, o pobre que tem poder aquisitivo o suficiente para comprar um carro.

Essas pessoas foram às ruas para pedir que o pobre trabalhe para enriquecê-los, enquanto eles obedecem à quarentena e comemoram pq para muitos deles, o pico de COVID-19 já passou.

O ideal seria que o governo se preocupasse com seu povo e facilitasse o acesso a todas as pessoas que mais precisam do auxílio emergencial, mas isso não tem acontecido e muitos brasileiros ainda se encontram "em análise" no aplicativo do Ministério da Cidadania e algumas pessoas que precisam tiveram o auxílio negado.

Há quem pense que essas medidas de auxílio e que o assistencialismo público sejam socialistas, mas, na verdade, elas são muito comuns em países capitalistas também. Só para citar exemplos pessoais, tenho uma amiga do País de Gales que, atualmente, mora na Inglaterra e disse que todo o seu parto foi feito em hospital público. Em 2017, houve um evento, aqui em Natal/RN, chamado Glomus, que reuniu artistas de todos os lugares do mundo e uma atriz finlandesa me confessou "viemos todos financiados pelo governo. Não pagamos um centavo." Inclusive, na Finlândia, o governo estuda a possibilidade de distribuir uma renda mínima a todos os finlandeses, empregados ou não e em Utrecht, na Holanda, essa renda mínima já foi implementada.


Falácia 7: "É mentira. Estão enterrando caixões vazios e/ou estão colocando pedras nos caixões e não estão divulgando os números direito"

R.: Essa informação dos caixões é falsa e a mulher que ajudou a criar essa fake já foi indiciada e vai responder, penalmente, pois divulgar fake news de forma dolosa é crime. É sempre recomendável que o usuário realize uma pesquisa antes de divulgar qualquer informação.

Agora quanto a não divulgarem os números corretamente, eu concordo, mas ao contrário do que se alega, não estão morrendo menos e sim, mais pessoas.

O governo está subnotificando o número de mortos e espalhando mentiras porque querem acabar com o isolamento social e divulgar que ele não funciona, mas existem algumas iniciativas de algumas instituições e/ou individuais de pesquisar esse número de mortos e verificar quantas pessoas, realmente, estão morrendo da doença. Na live do Átila Iamarino, doutor em Microbiologia que ficou famoso por fazer previsões, baseadas em estudos, do que poderia acontecer, caso não obedecessem ao isolamento, ele faz uma estimativa desse número de mortos.


Há, ainda, uma matéria do Greg News que, ainda que seja de cunho humorístico, é sempre baseada em pesquisa jornalística e traz estimativas mais confiáveis do que as apresentadas pelo governo.


Aqui em Natal/RN, existe uma iniciativa do NEAC - Núcleo de Economia Aplicada do RN, em fazer uma pesquisa para fazer um diagnóstico do cenário no estado. Quem for do RN e quiser responder à pesquisar, por favor, clicar aqui.


Falácia 8: "Usa cloroquina!"

R.: Por que a descrença na doença e a crença nessa cura?

A cloroquina é uma substância que possui efeitos colaterais, entre eles, o de taquicardia, que pode ser muito perigoso, caso o infectado apresentar alguma doença cardíaca, além do próprio quadro do infectado, em si, que ataca os pulmões, causando falta de ar. Por esse efeito colateral, só deve ser utilizado em casos específicos.

Além disso, não houve estudos o suficiente que comprovassem a eficácia do remédio e isso é questionado pela própria OMS.

Outras declarações de que a injeção de desinfetante nos pulmões para tratar a doença, como aconteceu nos Estados Unidos, são muito irresponsáveis, pois as pessoas que acreditam em seus governantes acabam por acatar a sugestão e além dos vários leitos, ocupados por vítimas do COVID-19, o país teve que lidar com pessoas que se internaram por intoxicação, devido à ingestão da substância.

É necessário investimento em estudos e pesquisas para que os cientistas descubram remédios que sejam mais eficazes e que causem menos efeitos colaterais e que sejam feitos testes que averiguem a eficiência do medicamento, antes de divulgá-lo e distribuí-lo aos países.


Falácia 9: "É só uma gripezinha. Sou jovem e não vou pegar. Pq não fazemos o isolamento vertical?"

R.: Existe uma diferença entre pertencer a um grupo de risco e ser imune à doença.

Quando é falado que pessoas de 60 anos ou mais são do grupo de risco, significa que elas estão mais dispostas a sofrerem complicações pelo COVID-19, o que não significa dizer que quem está fora dessa faixa etária seja imune, inclusive, aqui no Brasil, existem mais jovens morrendo pela doença e é possível que isso se deva a esse mal entendimento.

Além disso, há pessoas que são assintomáticas, ou seja, mesmo que ela pareça saudável, ela pode carregar consigo o vírus e pode espalhar e contaminar aqueles que pertencem aos grupos de risco e, não obstante, os países que resolveram fazer o isolamento vertical comprovaram que essa medida é pouco eficaz.


Falácia 10: "É estratégia da esquerda para tirar Bolsonaro do poder"

R.: Os vírus são organismos muito pequenos e que dependem de um hospedeiro e, obviamente, eles não olham status, posicionamento político, etnia, gênero ou orientação sexual - eles atacam quem estiver exposto e cujo corpo esteja suscetível a ele, sendo assim, é difícil ter qualquer controle sobre isso.

Não é porque o vírus veio da China que existe uma conspiração entre o país e as pessoas da esquerda brasileira para tirar o presidente do poder, além do mais, o próprio presidente viajou aos Estados Unidos, quando a pandemia havia chegado lá e boa parte de sua comitiva foi infectada, assim, o próprio governo e o presidente foram responsáveis por trazer o vírus até aqui, inclusive, Bolsonaro recusou-se a apresentar seu exame médico, para saber se ele estava ou não com o coronavírus e existem pedidos na justiça que o obrigam a mostrar o laudo, pois isso configuraria num grave crime de responsabilidade.

Com isso em mente, convido a leitora e o leitor a fazer algumas reflexões:

1) Se na fala do presidente, o exame deu negativo, por que essa recusa em mostrar o laudo?
2) Se a doença "é só uma gripezinha", por que ele anda de máscara, de vez em quando?
3) Se é uma estratégia da esquerda, como ela está controlando essa doença? Que mecanismos ela está utilizando para controlar um vírus?
4) Se a própria esquerda e os governantes dessa posição política estão em isolamento, como vocês acham que eles vão tomar o poder?
5) Se você está tão preocupada(o) com a economia e acha que o isolamento é uma piada, por que você não dá o primeiro passo fora de casa e começa a trabalhar por conta própria para provar que você está certa(o)?


Após essas reflexões e leituras, eu fico me perguntando para onde foi a humanidade das pessoas do nosso convívio, que sentem empatia por um homem que pode estar infectado, pode estar espalhando a doença por aí e ainda quer que outras pessoas se exponham também, mas não sentem nenhuma pelas milhares de pessoas cujos familiares e amigas(os), profissionais da saúde ou não, estão se arriscando, por não terem outra alternativa e que muitas(os) delas(es) morreram e sequer existe um atestado de óbito daquelas(es) que, um dia, amaram e foram amadas(os).

Questiono-me que "bem" essa cidadã e esse cidadão faz ao não se importar com essas vidas e, pior ainda, repetir toda a cartilha do ódio, que pede o retorno ao AI-5 numa época onde muita gente já está morrendo.

Pergunto-me, ainda, se eu de fato conheci essas pessoas que amava e ou se elas estão mostrando quem realmente são agora, ao apoiar um homem que nunca negou sua afeição à tortura e à morte e que, inclusive, essa violência pode chegar até mim e as pessoas que amo, pelo simples fato de pensarmos diferente.

E assim, vivemos este 2020 com uma quarentena que é frequentemente desobedecida e, por isso, está se prolongando e talvez, medidas mais extremas tenham que ser tomadas (como o lockdown); com um presidente, que anda na contramão de todas as recomendações da maioria dos países que também enfrentam a pandemia de coronavírus e que faz constantes ameaças à vida e à democracia e com a desilusão de ver pessoas que o apoiam e que precisão ter nomes conhecidos entre os mortos ou precisam, elas mesmas, experimentarem o sabor da morte, para perceberem que a preocupação com a saúde e com a vida está acima de todo e qualquer pensamento político.

Mulheres, relacionamento e julgamento

quarta-feira, 6 de maio de 2020


Como eu tenho pena de nós mulheres em termos de relacionamentos... É nessas horas que vejo o quanto o Feminismo e o conhecimento de si mesma são absolutamente necessários.

Nós somos julgadas, por seja lá o que a gente escolher como relacionamento nas nossas vidas: se somos novas e solteiras, "não estamos aproveitando a vida e somos lesas demais"; se somos velhas e solteiras, "ficamos para a titia e ninguém mais vai querer"; se estamos ficando com um e outro ou traímos, "somos putas"; se somos traídas, "é porque não soubemos segurar o homem direito e não nos cuidamos mais"; se estamos num relacionamento, em especial, um casamento, "muito bem! ESSE é o correto!" e nisso, vejo muitas mulheres vivendo romances abusivos e/ou casamentos que não lhes trazem mais felicidade porque isso é o que nos foi ensinado. São poucas as mulheres que conheço que estão casadas e felizes.



É muito importante que a gente saiba o que é melhor para nós mesmas, o que nos fará felizes e ao ter essa certeza no coração (que pode ser mutável e impermanente), viver aquilo livre das convenções sociais, o que é algo extremamente difícil de fazer, porque nos é ensinado que o certo é estar com alguém e casar e o problema nem é o casamento em si, mas essa imposição de "o que é o correto e que devemos fazer". Daí, muita mulher que não está casada, se sente um fracasso e muita mulher que está casada, está insatisfeita, mas continua porque "aprendemos a ser boas, corretas e obedientes" ou por falta de independência financeira mesmo ou ameaças, o que é pior.


Não é justo, nem certo "cagar regra" de como você deve amar. Isso é algo que só NÓS podemos saber e conseguiremos isso, JUSTAMENTE, com o autoconhecimento e a luta Feminista, para romper com os padrões e assim, a mulher que quer ficar solteira, fica; a mulher que quer ficar com um e com outro, fica; a mulher que quer continuar casada, continua! É absurdo que o patriarcado seja tão grande e tão forte que atribuam, até mesmo, a loucura como uma consequência da "solteirice" da mulher, como se a vida de casada não fosse estressante e enlouquecedora, especialmente se o homem fica de braços cruzados, esperando a mulher fazer tudo!


A coisa mais difícil do mundo é definir o que é o amor, pois ele pode ser algo pra mim e outra coisa pra vc, que está lendo, mas quanto a relacionamentos amorosos, duas coisas são válidas, como o professor Leandro Karnal já mencionou: NUNCA com menores de idade e SEMPRE consensual.

Esse consenso é o respeito que vc tem por seu/sua parceiro(a) de combinar tudo e é conquistado com muito diálogo e, PRINCIPALMENTE, com a vontade e atitude de ambas as partes de que o relacionamento dê certo, pois a sua continuação depende disso.



O mais louco de tudo isso é que o autoconhecimento é um processo constante, então, até mesmo os conceitos de amor, para nós mesmas, podem mudar, ou ainda, a gente pensa que é ou será feliz de uma forma e a vida nos aponta para outro caminho COMPLETAMENTE diferente.

Se estivermos presas demais às convenções e não tivermos coragem de ultrapassá-las, nós jamais saberemos o que nos traz felicidade, mesmo que o que nos faça feliz seja, justamente, obedecer a elas e estar num casamento legal e tranquilo.


Enfim... Puxei mais para o lado de nós mulheres, numa relação heterossexual, pq sinto que sofremos mais com esse peso, mas coloque aqui o gênero e tipos de relacionamento que vcs quiserem. ^^

Beijos e #ForaBozo SEMPRE! 😆

Não há heróis

segunda-feira, 6 de abril de 2020


Me desculpem, mas eu não considero nenhum governador, prefeito ou cidadão comum que tenha apoiado o Biroliro herói não... Acho até que isso é efeito da famosa "memória curta" que nós, brasileiros, possuímos.

Não considero, pois eles apoiaram um cara que, desde o princípio, deixou claras as propostas dele de higienização social, sexual e étnica e só se enganou quem se deixou enganar pelas mentiras dele. Quem não teve um pensamento crítico e desenvolvido o suficiente para perceber que as coisas que ele fala são mentirosas.



Estamos em meio a uma pandemia, que está matando milhares de pessoas em todo o mundo e como ele está tratando a situação? Como se a doença (que ainda não possui remédio, nem vacina) fosse uma histeria e quer expor a população brasileira a essa doença (enquanto as pessoas que protestaram para voltar a trabalhar, estavam dentro de seus carros, pedindo que OS OUTROS trabalhem e não eles), para cumprir a sua tática higienista e suja. O seu modo de governar é a necropolítica.


Portanto, não considero, tampouco, o Ministro da Saúde um herói. Reconheço que ele está fazendo um bom trabalho (ou estava, né? Está sendo ameaçado) e está cumprindo, muito bem, o seu papel, mas ele tmb foi um apoiador do Bozo e parte dessa palhaçada é culpa dele também. Ele não está fazendo nada mais, nada menos, do que cumprir com sua OBRIGAÇÃO! O dinheiro que ele recebe dos nossos impostos É PRA ISSO MESMO!

Mas é incrível... Acho que o povo brasileiro é um povo carente demais de figuras de adoração... Não podem ver ninguém fazendo algo bom (que, muitas vezes, era obrigação da pessoa. Estamos acostumados com pessoas prestando um mau serviço e é triste constatar isso, pois devia ser o contrário), que já chamam de herói e tal e já chamaram assim a um prefeito que confrontou o Bozossauro (e que o apoiou tmb) e o próprio Ministro da Saúde, mas pra mim, herói é O(A) PROFESSOR(A), que tá aí trabalhando dobrado, de home office, pra não deixar a educação morrer e as(os) profissionais da saúde, que estão arriscando as suas vidas, mesmo sem todo o equipamento necessário, pra nos salvar. ESSES(AS) SIM MECEREM SER CHAMADOS(AS) DE HERÓIS/HEROÍNAS!!!


A nossa situação, infelizmente, não é nada animadora... Temos uma pandemia à nossa porta e atingiremos o ápice de infectados entre os dias 06 a 20 desse mês e esses números podem dobrar ou triplicar, com as medidas desse presidente insano, que já quer que todo mundo volte a trabalhar. Além disso, temos o Congresso e o Supremo contra esse presidente de bosta e espero, de verdade, que o Biroliro não seja tão idiota a ponto de dar um Golpe Militar pq se ele der, estaremos perdidos e as mortes aumentarão ainda mais! Ele saindo e sofrendo impeachment, quem assume é o general Mourão, outro amante da ditadura. Ou seja: "se correr, o bicha pega. Se ficar, o bicho come."

Não precisamos de heróis: precisamos da CIÊNCIA, da EDUCAÇÃO e da CULTURA pra mantermos nossa sanidade mental e para que medidas cautelosas sejam tomadas e isso não é heroísmo - é o que TODO e QUALQUER governante com o mínimo de bom senso deveria fazer.



A elite brasileira sente um desprezo horrível de seu povo e é por isso que querem que os outros trabalhem para bancar os luxos dela, mas essa pandemia há de atingir alguns ricaços tmb e, sinceramente, ACHO É POUCO, para eles aprenderem a ser mais humildes e a terem o mínimo de amor por outras vidas humanas que não sejam as deles.

Baby (Paródia) - Fora Bolsonaro

quinta-feira, 19 de março de 2020



Eu que fiz essa paródia e bom... Eu sou bem insegura cantando popular (sou do canto lírico, portanto, relevem umas coisinhas, ok? 🙈 Hehe!), mas quis lançar meu protesto em forma de música e espero que gostem.

Clique abaixo para ouvir a paródia:



Voz e letra: Daliana Cavalcanti
Paródia da versão de "Os Mutantes"


PS.: Acabei acelerando o andamento nuns tempos pq, afinal de contas, estou cantando à capella, logo, não tem instrumento pra me acompanhar e ia ficar um vazio/silêncio grande... 😅




Humanidade desumana

segunda-feira, 16 de março de 2020


Quando fui pesquisar imagens sobre "vergonha de ser brasileira" (porque li uma notícia que me indignou e achei que tinha sido um brasileiro que tinha feito isso), me deparei com uma curiosidade: boa parte das pessoas que falam isso são de direita. Ora, vejam só! Justamente o povo que se diz "super-patriota", que se acha chique, super-europeu e tem um sentimento de nojo do seu próprio povo. Mas os meus pensamentos não comungam com essa soberba reacionária e sim, com os pensamentos de vergonha que a Pabllo Vittar expressou (https://istoe.com.br/pabllo-vittar-vergonha-de-ser-brasileira-por-causa-desse-presidente/ ).

Mesmo que a notícia que eu li tenha me indignado, a atitude de muitos brasileiros tem me deixado triste, decepcionada e envergonhada, pois muitos corroboram com o pensamento do americano que fez isso (revelarei em breve) e algumas pessoas até se atreveriam a dizer que ele foi "esperto e empreendedor", que são alguns dos pensamentos do famoso "jeitinho brasileiro" (https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/12/governo-controle-precos-tabelar-mascara-alcool-gel-agua-coronavirus.htm ).



Não me dá orgulho algum viver num país escravocrata e que mantém esses pensamentos, em pleno século XXI, que deixa tantos negros e trabalhadores em geral em condições subumanas e/ou de risco: estamos no meio de uma pandemia de coronavírus e muitos dos empresários fazem o quê? Nada, pois não se importam nem com a saúde, nem com a vida dos trabalhadores (https://outraspalavras.net/outrasaude/a-nova-pandemia-global/?fbclid=IwAR0XADxEyDHpkM_ogQ-KPaFF2nkIerTne-pbVWIE8bx-W6-j8kWXBiCMtkM ).

Não me orgulho em ver que temos um presidente que, infelizmente, é a cara do povo e vcs não têm ideia do quanto eu ODEIO ter que admitir isso: somos racistas, xenófobos, machistas, homofóbicos e extremamente violentos. As pessoas elegeram um presidente que diz o que elas pensam e revelam todos os seus monstros que estavam adormecidos e que despertaram com todas as forças! Pensamentos que, inclusive, pedem o retorno do AI5, o ato da ditadura que perseguia, torturava e assassinava pessoas e sim - eu vi um perfil do Facebook onde compartilharam um cartaz de apoio a essa barbaridade!


Não me orgulho em ver que esse presidente não respeita, nem mesmo, as pessoas que votaram nele e o admiram e expôs elas a um vírus mortal, que matou mais de 300 pessoas, num só dia, na Itália (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/03/15/italia-tem-recorde-de-mortes-em-24-horas-por-novo-coronavirus-368.ghtml ) e, além de comprometer a vida dessas pessoas, continua brincando de espalhar fake news, chamando o vírus de "comunavírus" (https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,quem-tem-medo-do-comunavirus-gritam-bolsonaristas-em-ato-na-avenida-paulista,70003233965?utm_source=facebook:newsfeed&utm_medium=social-organic&utm_campaign=redes-sociais:032020:e&utm_content=:::&utm_term=&fbclid=IwAR3nRorhnLlRnh6ZYsNMtC8wpgvAK7LHgDcGsVpeTZFd5i4N--G0R46_g5k ), quando qualquer profissional da saúde (ou pessoas com o mínimo de inteligência) sabe que o vírus não escolhe gênero, etnia, condição social, nem nada: ele infecta as pessoas, tanto da direita, quanto da esquerda.

Eu sou uma das pessoas que tenta combater a famosa "Síndrome do Vira-Lata", mas há situações, como essas acima, que não dá pra ter orgulho da ignorância da população, que está negligenciando ordens médicas do Ministério da Saúde - o vírus está se alastrando rápido e não existe, aqui em Natal/RN, um controle MÍNIMO das pessoas que entram e saem do aeroporto e creio que não exista esse controle, até mesmo, na rodoviária ou no porto.


Os jovens e crianças são grupos assintomáticos, ou seja, pode ser que eles tenham o vírus e não tem como saber, pq os sintomas não aparecem. O período de incubação do vírus é de 1 a 14 dias (https://www.unimed.coop.br/viver-bem/saude-em-pauta/coronavirus-e-covid-19-perguntas-e-respostas ), o que deveria preocupar MAIS AINDA as pessoas, por ser um vírus silencioso, que demora a se manifestar. A pessoa ao seu lado pode ter e não sabe! Além disso, as crianças e jovens são os grupos mais ativos e que mais circulam por aí. Já os idosos devem redobrar os cuidados pq são o grupo de risco do vírus.

O que me orgulha no país é a educação (Paulo Freire, Nísia Floresta, etc); a cultura (nossa música clássica, o samba, o frevo, as danças típicas, o artesanato, etc), nossa ciência, que foi capaz de, em 48h, sequenciar o genoma do coronavírus (https://www.vix.com/pt/saude/583413/caso-de-coronavirus-confirmado-em-sao-paulo-o-que-se-sabe-e-como-se-proteger?utm_source=next_article ), nossa linda natureza, que está ameaçada...


Mas diante de tanta desgraça e descaso dos governantes e dos empresários, nunca senti tanta vergonha de pertencer a um país cujo patriotismo é tão fake quanto as mentiras que espalham para incentivar o ódio a pessoas que pensam diferente, onde as pessoas não se amam, nem se respeitam e até pedem pelo retorno de um Ato Institucional que clama pela minha morte e pela morte de tantas pessoas que podem ser familiares e até amigos delas! Pessoas sem o menor amor à vida, que além de pedirem pela morte de outras, atraem a morte para si, ao se exporem a um vírus misterioso e altamente perigoso, na manifestação em prol de um presidente desvairado, que age como o Flautista de Hamelin, que ao tocar sua flauta, conduz as crianças para um possível fim.


As pesquisas ainda estão sendo feitas e tem coisas sendo descobertas. Uma delas é que mesmo que as pessoas sejam curadas, os danos no pulmão são permanentes e elas perdem 30% de sua capacidade respiratória (https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/03/pacientes-recuperados-da-covid-19-podem-ter-danos-permanentes-nos-pulmoes.html) e que segundo a pesquisadora que sequenciou o genoma, os picos de transmissão, aqui no país, acontecerão entre abril e maio (https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/03/14/pesquisadora-diz-que-pico-da-covid-19-no-brasil-ocorrera-entre-abril-e-maio.htm?fbclid=IwAR0RIHn5MDaVjXhubXQJpq8H1X_3N68lZgGN1LHySuFey4sq40V_-53p69g ), ou seja: a merda grande ainda está para acontecer! Não ocorreu ainda e tem gente rindo e brincando com isso!

Ai, Brasil... Quando vc vai acordar e largar de burrice...?


Não só em nosso país, mas a falta de humanidade das pessoas está me assustando.

Algumas pessoas se aproveitam da situação de caos pra enriquecerem, comprando os produtos pra venderem mais caro e assim, transformam a saúde em artigo de luxo, no qual o pobre não tem vez, voz ou acesso...

Foi o caso de um americano (agora sim, estou contando a notícia que me indignou), que estocou álcool em gel para vender mais caro na Amazon (https://mundoconectado.com.br/noticias/v/12825/homem-estoca-17000-garrafas-de-alcool-gel-mas-amazon-impede-as-vendas ). Então, percebi que a vergonha que eu sinto não é de ser brasileira em si, e sim, dessa humanidade podre que, antes mesmo do coronavírus, foi infectada pelo vírus do Capitalismo - um vírus capaz de transformar pessoas em verdadeiros monstros, cujos sintomas são o oportunismo, sem se importar com o próximo, nem com as circunstâncias em que aquela pessoa vive, nem mesmo nas consequências desse enriquecimento. 


Outros sintomas presentes são a perda da humanidade e atrofia cerebral e cardíaca, podendo apresentar diversos episódios de perda de consciência e delírios de poder e espírito empreendedor.

Os sintomas podem ser facilmente tratados se o paciente for submetido a aulas de história, economia e disciplinas relacionadas às ciências sociais.

Para tratar os delírios, também é recomendado que o paciente se submeta a um período como estagiário no SUS, numa escola pública, num abrigo, num CAPS ou alguma outra instituição pública que mostre a vida como ela é e quem são as pessoas que serão afetadas, caso essas ilusões se concretizem.

Ao persistirem os sintomas, a consciência deve ser consultada e o paciente em questão deverá ser julgado pela mais bela, imparcial e frágil juíza de todas: a vida da população e o que essa pessoa fez para respeitá-la e conservá-la.