Demonstrativo

sábado, 24 de março de 2018


Esse é o lamento
Da poetisa
Que de amores precisa
E não os têm...

Esse é o momento
Da lágrima que nasce
Sem máscara ou disfarse
E que se mantém...

Essa é a dor
Registrada em poesia
Em rimas e caligrafia
Sem figura ou imagem

Essa é a cor
De desbotada matiz
Onde não é possível ser feliz
Dada a presente paisagem...

E é como me sinto:
Solidão e só
Solidão e só...
Sem o vislumbre da sorte...

E é assim que me tinto:
Sofrimento e tristeza
Sem sentido e coesa
Com um leve sabor de morte...

E assim eu vivo...
Existindo na arte
E existindo pela arte
Sem mais razão ou motivo...


(Daliana Medeiros Cavalcanti - 24/03/2018)

Alma fechada

sábado, 10 de março de 2018


Em teu nome,
O mar e a estrela.
Em tua mente,
Só raiva e rancor...
Onde deliberadamente
Sou a causa de tua dor

Em teu olhar,
A ilusão e a mentira
E ao atuar
Guiada pela ira
Me dá fome
De querer esquecê-la...

Em teus lábios
O veneno escorre...
Morrem os sábios!
O senso morre!
E me humilhas
Com a culpa que compartilhas
Nos textos que discorres...

As tuas palavras
Sementes da discórdia
Que semeias e lavras
Sem misericórdia
Mostram o lado
Que não havia notado
Em teu ser disforme

E por isso, te indago
Qual a alegria em trazer a dor?
O erro fiz
O fardo trago
Pois queria com o labor
Te fazer feliz...

A admiração que por ti sentia
Foi-se embora com a amizade,
Perdida na nostalgia
Do que não sei se foi verdade...

Ferir-te não foi minha intenção
Nem trair tua confiança
Mas fechei meu coração
Ao resquício de esperança
De reaproximação

Que a distância seja constante
Que o silêncio se perpetue
Que o passado seja um instante
Que o vácuo continue

Fica a experiência
E uma cicatriz imensa
De tamanho abissal...
De um erro que não fiz por mal...
Que fiz na inocência
E deixou a relação tensa,
Mas que no tempo atual
Onde empatia há ausência
Que impere a indiferença.


(Daliana Medeiros Cavalcanti - em algum dia de fevereiro de 2013, completada e intitulada em 11/03/2018)

Aquarela incolor

Arte: Christopher Jobson

Sangra a alma...
Dói o coração...
Esvai-se a calma...
Transborda a emoção...

Cortam-me as palavras,
Pensamentos e atitudes...
O julgamento agrava...
E muito me desilude...

Esfaqueiam-me o peito...
E riem... e debocham...
Será que não veem direito
As lágrimas que em mim desabrocham?

Estraçalham-me e dilaceram!
Arrasto-me pelos cantos...
E meus auto-amores, aos prantos,
Já não são mais como eram...

E então, reduzida a pó,
Sinto-me cada vez mais só...
Sem uma alma viva a me entender...
"Não há tempo a perder"...

Sigo sofrendo calada,
Sorrio para disfarçar a dor...
De mim, não resta mais nada,
Nesse mundo cruel e sem cor...
Só uma esperança desbotada,
Quando tudo o que queria era amor...


(Daliana Medeiros Cavalcanti - 08/06/2017)

Suspiros e ânsias


Ah, se soubesses
O quanto, em ti, penso...
E do amor,
Por ti, tão imenso
Que tu tiveste
E não deste valor...

Ah, se ouviste
O palpitar triste
Do coração que te adora
E que por ti chora...
E pelo o que não existe...
Mas já existiu outrora...

Ah, se aceitasses
E encontrasses
Parte de ti
No rubor das faces
Que remeti
Em nossos enlaces...
Ah! Se me amasses!

Ah, cruel distância
Do tempo e do real...
E então, vivo em sonhos...
Que alimentam minha ânsia
De dias belos e risonhos
Onde sou tua, afinal...


(Daliana Medeiros Cavalcanti - 22/06/2014)