Escárnio ao opressor
sábado, 21 de dezembro de 2019
O ódio do Bozo abunda
A bunda do Bozo exposta
Pela cabeça, nada profunda
E a boca só fala bosta
A bosta que se difunde
Ao tratar o Papa de "senhor"
E também quando transfunde
Dia alternado para o cocô
Toda vergonha, ele esbanja:
Com presidente, ministro e sheik
É a família da laranja!
Que só prospera através do fake
“Fake news é ‘fêique’ dói”
E causa estragos quando se espalha
Pois toda a verdade se destrói
E atinge até uma pirralha!
A vergonha internacional
Mostra profundo despreparo
Desse governo mortal
Da família Bolsonaro
É ministro com nota baixa
Que vai controlar a educação
São viagens que encaixa,
Sem tradução...
É ministra religiosa
Com discursos bem insanos
Que "é linda e veste rosa"
E controla os direitos humanos
É ministro incompetente
Já não é mico! É King Kong!
Controla o meio ambiente
E ainda vem culpar uma ONG...
Um governo sem ideias
Que possui cruel destino
De constantes diarreias
Da bolsa do intestino
É discurso machista, branco,
Homofóbico e violento
"Quem matou Marielle Franco?
Qual é o teu envolvimento?"
É um (des)governo que oprime
Na base da ameaça
Volta atrás e se "redime"
Protegido pelo reaça
Questionamos
A uma só voz:
"Milicianos,
Cadê o Queiroz?"
Me despeço com esses versos
Nessa época de "champanhe e peru"
Causando riso no povo
Que vai, agora, comer ovo
Com esses desmontes perversos
Dos fiscalizadores de cu
E para completar meu adeus,
Aconselho fortemente:
“Pense BEM em quem votar!
Seja inteligente
(ao contrário do presidente)!
Procure sempre questionar
Quem mistura política e Deus,
Pois pode prejudicar
O meu viver e o seu.”
(Daliana Medeiros Cavalcanti – 21/12/2019)
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Deslizes
terça-feira, 19 de novembro de 2019
Amo olhos que dizem
O que os lábios calam
E em silêncio exalam
Energias que se embalam
Para que se sintonizem
Amo os braços que abrigam
Meu coração palpitante
E confessa, a cada instante
Sentimentos que intrigam
E me alegram bastante
Amo o riso e a essência
Deste ser tão amado
Que num deslize e inocência
Fez a transcendência
De um cor desavisado,
De paixão capturado...
Paixão que me invade,
Tormenta e acalenta
E que o tempo aumenta...
Paixão de verdade
De ti tão sedenta
Amor emudecido
Que só cresce e anseia
Se encontrar e se perder
No desconhecido
Da alma alheia
Que quer o amor viver.
(Daliana Medeiros Cavalcanti - 19/11/2019)
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Palavras e conhecimento/consciência
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
Nossa! Faz tempo que não escrevo aqui... Vou ver se destravo um pouco mais a minha escrita para registrar um pouco as minhas reflexões e, obviamente, por serem reflexões, não são verdades absolutas: são a minha visão do mundo, baseada nas minhas experiências. Podem ressoar ou não com a visão de vocês leitores(as).
Ultimamente, tenho pensado sobre várias coisas... Uma delas é em como adquirimos conhecimento e que ele pode ser adquirido tanto de forma acadêmica, por meio de estudos, como pode ser pela dor da experiência e da vida como um todo.
Certa vez, ouvi de um amigo que "há duas formas de aprendermos as coisas: pela dor ou pelo amor." Pelo amor, nós temos as aulas e os ensinamentos, transmitidos com paciência, de nossos(as) professores(as) e/ou mestres(as), ... De nossos pais ou familiares... Por reflexões... Mas essas mesmas pessoas e situações podem nos ensinar por meio da dor... De palavras ou comportamentos duros que, muitas vezes, não esperávamos...
Palavras duras me fazem lembrar de um podcast FANTÁSTICO, de uma análise e interpretação FANTÁSTICAS que um psicólogo, chamado Pablo de Assis, fez sobre Anjos e Demônios, em especial, sobre a Queda. O psicólogo interpreta que ao criar a luz, Deus criou, antes mesmo, a palavra com o comando "faça-se".
Clique no link acima para ouvir o podcast.
Esse é o terceiro de uma trilogia maravilhosa sobre Anjos e Demônios, todos comentados por este homem, e que possui uma trilha sonora belíssima. Recomendo fortemente que escutem.
Então, temos dois anjos e não apenas um, que seria o anjo da luz. Luz e palavra ajudaram a criar o mundo, mas a luz expõe e torna visível coisas que não veríamos em sua ausência. A luz também pode ser interpretada como o próprio conhecimento ou a consciência. Logo, ao falar, muitas pessoas devem buscar a luz, ou seja, a consciência de seus pensamentos e atitudes, para que não sejam palavras ditas em vão, de forma até "jogada", sem que as pessoas se responsabilizem por elas. É a luz do conhecimento que traz essa consciência. Sem ela, as pessoas dizem e fazem muita besteira.
As pessoas confundem muito "as luzes". Quando me refiro a esta, apesar de ter utilizado a interpretação religiosa dos anjos e demônios, eu não me refiro à religião e, obviamente, também não me refiro a formações acadêmicas. Me refiro, antes de tudo, ao autoconhecimento e ele é uma busca e luta diária. É algo que não é fácil de fazer, pois para isso, temos que trazer a luz para dentro de nós mesmos e essa luz vai mostrar todos os monstros horrorosos que carregamos em nosso coração e não é fácil admitir que temos esses monstros. Por isso, é um trabalho árduo e que nunca para. É um trabalho que, antes de tudo, dói... Dói e MUITO!
Dói ver que você, às vezes, não é tão forte quanto parece... Dói ver que você não é tão sábia quanto parece... Dói ver você não é tão boazinha(o) quanto acha que é... Dói ver os contrastes e disparidades entre nosso interior e exterior e o quanto enganamos aos outros e a nós mesmos(as)... Dói ver que sentimos raiva SIM, que sentimos inveja SIM, que nutrimos um desejo de vingança SIM... Iluminar todos esses monstros e contemplar toda a nossa feiura DÓI.
Mas a questão não é nos recriminarmos por isso. Isso seria o mesmo que "educar a criança no tapa", que é algo que não resolve e o melhor a fazer é acolher aquele monstrinho e tentar educá-lo ou suavizar sua dor e assim, será mais fácil lidar com ele.
Somos humanos(as). Todos(as) nós temos esses monstrinhos. O problema está quando ele se apodera de nós e não nós deles e aí, agimos de formas inconsequentes, inclusive, com palavras...
Falando parece fácil, mas também não é fácil ver os monstrinhos e acolhê-los. Para isso, é necessário humildade. Você se reconhecer como um ser imperfeito, que está aqui no mundo para aprender. Alguém que está em constante transformação. Um eterno aprendiz, mas não é fácil fazer isso também porque para sermos humildes, devemos abrir mão do nosso ego e nossa! Como é difícil fazer isso!
Somos cobrados de tantas formas (muitas vezes, as cobranças são próprias) que é mais fácil vestir uma carapuça e pensar "eu estou certo(a) e coberto(a) de razão" e não se iluminar por dentro para ver "se é isso mesmo". É mais fácil pensar que está certo(a) do que olhar para si, reconhecer o erro e pedir desculpas por algo que você fez a alguém. Palavras que você disse sem pensar muito, no calor do momento. Para quê pedir desculpas se você está revestido(a) com a armadura da sua verdade e do seu orgulho?
E, mais uma vez, as palavras se mostram traiçoeiras, pois elas confundem a cabeça das pessoas.
O orgulho é uma das coisas que mais fazem com que escondamos nossos defeitos. Putz! Agora compreendo a associação Bíblica do orgulho/vaidade com o maior pecado, que levou Lúcifer ao inferno e tudo o mais (hehe! Sim. Pasmem: uma agnóstica trazendo referências bíblicas): é o orgulho/vaidade que obscurecem a nossa vista para nós mesmos(as) e os(as) outros(as)! Se vc não está vendo onde você errou, num desentendimento/briga, cuidado! É provável que você esteja tomado(a) pelo orgulho e que isso esteja cegando você!
Todo desentendimento tem dois lados e dois pontos de vista, portanto, ambos erraram e ambos, provavelmente, também acertaram. A decisão mais sábia seria colocar esses pontos de vista "na mesa" para chegar a um entendimento e assim, estabelecer a paz consigo e com o(a) outro(a), mas para fazer isso, você tem que ser humilde e chamar a pessoa para conversar.
E eis a confusão da humildade com o se humilhar: muitas pessoas acham que, ao fazer isso, elas estão se humilhando perante o outro e assim, o desentendimento vira um eterno combate: "não vou falar com ele(a) porque assim, estarei me humilhando e fulano(a) terá vencido. Fulano(a) vai se achar dono(a) da razão e não darei esse gostinho(a) a ele(a). Não vou me humilhar!"
Muita gente pensa dessa forma, infelizmente e assim, vemos discussões/brigas longas e algumas são bem tolas. Há casos, claro, em que as diferenças são grandes demais e não há como conciliar, mas quando há, por que não buscar essa paz? Por que prolongar algo que poderia ter sido resolvido há mais tempo?
É, amigos(as)... O orgulho cega porque é a falta de luz...
E ter humildade é não se deslumbrar com suas virtudes e/ou posses e ao não se deslumbrar, chegar ao outro que se acha/se sente superior a você ou o(a) dono(a) da razão e perguntar: "podemos conversar?". É você querer conversar com o objetivo maior de estabelecer um acordo de paz e não de ter razão e "vencer a discussão".
Já se humilhar é o total oposto de ter orgulho: você acha que é uma pessoa que não possui valor algum e fica, o tempo todo, mendigando afeto dos outros, não importa se você tenha que implorar para isso. É você jogar toda a responsabilidade pela sua felicidade no outro quando ela é sua, na verdade. Outros podem interferir nela (e essa postagem serve para falar disso), mas você é o(a) responsável pela sua própria alegria.
Assisti uma entrevista com a Jout-Jout no novo Provocações, com o Marcelo Tas e teve uma frase que ela falou que achei fantástica: "numa discussão/diálogo, você tem que entrar com a vontade de querer perder e não de querer ganhar a discussão." Acho que é uma lição bem difícil, mas acho que valeria a pena tentar aplicar.
Para quem ainda não viu, veja o vídeo acima. Ela é maravilhosa!
Percebem? Um diálogo é estabelecido por meio de palavras. A autorreflexão também, mas palavras proferidas de forma irresponsável machucam e são uma arma terrível. Vemos pessoas na internet e nas ruas se agredindo gratuitamente e, no caso da internet, a irresponsabilidade ainda é maior, pois o contato humano se dá através de uma tela, o que torna a pessoa mais fria aos sentimentos do outro e, portanto, menos empática.
Além disso, a punição a esses ataques é pouca e é por isso que vemos tanta gente que fala coisas, clamando o direito à livre expressão, mas está na Constituição que "você é responsável pelo que diz" e se for um comentário preconceituoso e agressivo, você pode ser punido sim.
Palavras podem envergonhar, animar, magoar, despertar paixões, despertar a ira... E por serem tão poderosas, devem ser manifestadas com cuidado. Somos responsáveis pelo o que dizemos ao outro. Também há um outro ponto: como o outro interpreta as nossas palavras. Volto a dizer: um desentendimento/briga tem dois lados. É um fenômeno de coparticipação. Dificilmente, existe um lado que é apenas a vítima e o outro lado que é apenas "o(a) inquisidor". Cabe a cada um saber onde errou e falar sobre isso.
Ao que me parece, o conhecimento causa a dor em si mesmo e a ignorância, uma dor ao outro e, geralmente, se levarmos em consideração, mais uma vez, pelo desentendimento numa relação (seja ela familiar, de amigos, namorados, etc), quem sofre, geralmente, está sendo incompreendido pela ignorância/falta de empatia do outro em relação a ele(a).
Ou seja, ignorância ou conhecimento, ambos doem porque a viver dói. Faz parte da vida e não é fácil viver e, por isso, escolhemos quais as dores que mais nos agradam e nem sempre, é um caminho retilíneo e com plena e total consciência, tipo "escolho o conhecimento/a ignorância sempre". É mais parecido como: "tenho conhecimento em matemática, mas sou ignorante com as línguas. Tenho conhecimento em política, mas sou ignorante em engenharia. Tenho conhecimento do que toca o outro, mas não sei o que me toca" e mais parecido ainda com "naquela situação específica com fulano(a), eu fui sábio por esse e aquele motivo e fui ignorante por esse e aquele outro motivo."
Ainda assim, buscamos o conhecimento em algumas coisas e é importante para nosso crescimento e amadurecimento. Ao nos darmos conta de que todos nós estamos nessa jornada da vida, maravilhosa e difícil, sofrendo por algum(ns) motivo(s), por que não escolhemos melhores palavras para lidar com o outro, que também está sofrendo tanto quanto você, pelo simples fato de existir? Será que o que essa pessoa cometeu contra você foi tão grave assim?
Como podem perceber, foquei um pouco na responsabilização das pessoas que falam um pouco sem pensar, pois acho que já existe muito conteúdo, na internet, falando sobre como relevar e "se blindar" para que o outro não machuque você, como se essa pessoa fosse o(a) único(a) responsável pelo seu bem-estar, mas se alguém agiu de maneira imprudente, ela também deve ser responsabilizada e deve se conscientizar disso.
O grande a maravilhoso Prof. Leandro Karnal, de quem sou fã, falando sobre essa questão de você não dar o poder ao outro de te ofender. Um exemplo maravilhoso desses conselhos para nós nos protegermos do descuido dos outros com as palavras e quis complementar os pensamentos desse professor com essa corresponsabilidade dos outros que nos ofendem.
Enfim... Espero que esse pequeno texto de reflexões toque algumas pessoas e, de preferência, que ele possa contribuir para que elas absorvam alguma coisa daqui por amor e não por alguma experiência dolorosa, pois já temos feridas demais e não precisamos de mais palavras ásperas e cortantes.
Beijo a todos(as)!
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Anjo sem asas
terça-feira, 16 de julho de 2019
Tão breve a tua passagem...
Mais rápida que um cometa...
Faça uma boa viagem,
Minha queria Tia Preta
Enfeita o céu, como uma estrela
Projeta a nós, como uma Santa
Impossível é esquecê-la...
Cuja bondade, a nós, encanta...
Repousa e descansa em paz
Despeça-te de toda a dor
Pois ela não te aflige mais.
O teu corpo se desfaz
Mas permanece teu bom humor
E teu doce espírito de amor
Obrigada por participar
Ativamente de minha história
Sempre de forma afetiva.
Para sempre vou te amar,
Te mantendo em minha memória,
Onde sempre estarás viva.
(Daliana Medeiros Cavalcanti - 07/07/2019)
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Carta a La Loba
sábado, 1 de junho de 2019
Prezada Loba,
Por que é sempre tão solitária e muda?
Por que se esconde?
É como se sempre estivesse presente, mas, apenas algumas vezes, revelasse a sua voz, por meio do canto lírico, como o canto de uma sereia, doce e poderoso, que ecoa à distância. Você revela a sua presença por meio de cantos e gemidos.
Será que é isso? Será que você é meu coração e o ar de meus pulmões, que inspiram, expiram e bombeia vida?
Eu te sinto no prazer... No prazer de criar... Fazer arte e criar amor...
Te sinto na reflexão e nas respostas sábias, como uma velha que diz, docemente e com sua voz enrugada de avó: "respire e relaxe. Dói, mas já passei por isso e sei que vai passar."
Se é assim, por que se cala diante da dor?
Onde você esteve em todo esse vale de lágrimas que percorri e derramei por pessoas que acham que te entendem, mas não entendem? Nem eu te entendo e, ao mesmo tempo, sim.
Estou confusa.
Será que, às vezes, não te sinto porque somos uma só e ou estamos muito conectadas, a ponto de não nos diferenciarmos mais ou muito desconectadas, pelas modernidades e intelectualizações que fazem parte da vida?
Sinto que ambas as coisas estão corretas e, às vezes, é difícil dar forma à dicotomia... Ao paradoxo... Ao contraste e ao controverso... Mesmo que essa forma seja feita de palavras...
Talvez seja por isso que seja água: você se molda de acordo com o meio em que é inserida e talvez por isso, seja tão difícil te definir...
Sei que te busco, mesmo sem bússola, nem rumo...
Uma rosa-dos-ventos, da água, do fogo e da terra, que paira no limbo do meu eu...
É presente, passado e futuro, longínquos ou no atual momento, que já ficou obsoleto, pois já escrevi e a cada palavra que escrevo, registro um passado recente e a cada palavra que penso em escrever, me pergunto "o que mais eu vou inventar? O que mais preciso te/nos dizer?"
Sei que te escrever me dá alívio... O alívio de parir...
Loba solitária, forte, presente, solidária, meiga e guerreira, te venero e admiro e anseio me apropriar de ti, cada vez mais, e de teu poder, pois somos uma só e te buscar, te encontrar, te acolher e te perceber são missões para a vida inteira e o alcance desse inteiro é um meio que essa vida fracionada faz para se completar.
(Daliana Medeiros Cavalcanti - 01/06/2019)
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Reflexões sobre o incêndio em Notre Dame
terça-feira, 16 de abril de 2019
Nossa... Quantas reflexões essa tragédia me traz...
Dentre elas, acho que a mais forte é de que nada dura à passagem do tempo. Mesmo a grande, imponente e belíssima catedral de Notre Dame: ninguém está a salvo do tempo e de todas as mudanças que ele carrega, inclusive da vida e da permanência de tantas vidas na Terra.
Outra reflexão que me vêm à mente é o próprio nome da igreja... Notre Dame significa "Nossa Senhora". Era uma igreja cristã dedicada a cultuar uma figura feminina, que era tida como uma divindade, por resquícios dos costumes pagãos, que a igreja católica incorporou, de adoração ao Sagrado Feminino (por mais que muitos não admitam, nem reconheçam isso) e vemos esse templo em chamas...
É claro que compreendo que o que causou o incêndio não foi algo proposital. O que se sabe, até agora, é que ocorreu em detrimento de uma restauração, que não foi tão bem sucedida. Mesmo assim e mesmo que não tenha sido intencional, reparem como é forte essa simbologia da destruição de um templo dedicado a uma santa, justamente em tempos onde o patriarcado grita escandalosamente, querendo retomar, à força, uma soberania que teve em boa parte do tempo, à base do sufoco, da agressividade e da violência contra a mulher... Soberania esta que estava sendo "ameaçada" pelo empoderamento feminino e que agora, mais do que nunca, tentam conter e minar, a todo custo, até mesmo na França revolucionária...
Segundo a reportagem, a catedral foi lugar de outros templos de adoração a outras figuras da mitologia greco-romana, como o Zeus/Júpiter. Agora, imaginem quantas e quantas pessoas daqueles tempos viram suas igrejas e seus lugares sagrados sendo destruídos para dar lugar a outras coisas... Quantas e quantas lágrimas foram derramadas por religiosos, que viram seus templos serem modificados para dar lugar a outras crenças e quantas e quantas vidas foram tomadas por causa disso...
E quanta importância nós damos a figuras, que nem temos certeza se já existiram, mas escolhemos depositar nossa fé e confiança nelas, a ponto de querer que outras pessoas acreditem no mesmo que nós, mesmo que isso implique a imposição da minha crença sobre outros e a ponto até de ter comportamentos agressivos e/ou violentos, quando sinto que essa fé foi desrespeitada e/ou que não depositam a mesma importância que eu dou ao que eu acredito... Ou mesmo, que não creem no que eu creio...
Outros pensamentos, não menos importantes, são os de vermos parte da nossa história e da nossa arte sendo consumida por chamas, mais uma vez, assim como aconteceu com o nosso Museu Nacional, aqui no Brasil, por não darem a devida importância à manutenção da estrutura do prédio e de todo o conteúdo ali existente...
Desvaloriza-se a arte, a educação, o conhecimento e a história (e agora, vejo que isso também é um fenômeno mundial e não apenas daqui), mas a catedral era o monumento mais visitado da França. A visita ao local era uma das maiores fontes de renda do turismo francês e era cartão-postal do país e foi através da arte, mais precisamente, da famosa obre de Victor Hugo, "O Corcunda de Notre Dame" que as pessoas foram sensibilizadas a fazer a manutenção da catedral.
Também é menosprezado tudo o que "é daqui", quando um presidente demonstra sua solidariedade à catedral francesa, mas nada comenta sobre o incêndio ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, nem o fato de um músico ter sido alvejado com 80 tiros, nem a catástrofe de Brumadinho, nem outros desastres que acontecem em nosso país.
Eu sou do seguinte pensamento: "o fato de eu me entristecer com as coisas que acontecem aqui, não me impede de também ser solidária aos desastres que acontecem em outros cantos do mundo", mas não é isso o que acontece com o Biroliro e sua tropa de fãs cegos - eles desconsideram os desastres locais, como se não tivessem importância, mas um desastre na Europa ou nos Estados Unidos já é algo importante, numa total confirmação da Síndrome de Vira-Lata que acometeu a todos eles. Numa comparação tosca e grosseira (confesso), é quase como se não lamentassem o vizinho, que foi assaltado, mas lamentassem um assalto à Beyoncée, "pq ela é uma celebridade chique e importante; meu vizinho, não", e nem sequer consideram que o vizinho não tem tanto poder aquisitivo para se recuperar mais rápido de um assalto do que a Beyoncée.
Mais uma vez, é observado um fenômeno mundial, onde existe pouca compaixão para com as pessoas e muita para com um monumento... Sei que a catedral de Notre Dame significa muito para o mundo inteiro, mas e as vidas em Moçambique? Recentemente, houve a notícia de que super-ricos de toda a Terra se uniram e conseguiram juntas mais de 2 bilhões para a manutenção da catedral, mas por que essas mesmas pessoas não juntaram esse dinheiro para ajudar as vidas, que foram tomadas pelo desastre em Moçambique? Felizmente, não houve mortos em Notre Dame. Apenas dois bombeiros ficaram feridos durante o combate ao incêndio e em Moçambique e no Zimbábue, houveram, pelo menos, cerca de 600 mortes, número esse que pode chegar a mais de mil, segundo outros jornais. Por que a vida do negro pobre sempre vale menos do que qualquer coisa?
Enfim... Muitas reflexões e viagens, admito, mas estou tocada com os recentes acontecimentos no Brasil e afora e, espero, do fundo do coração, que dias melhores venham para todos(as) nós.
Tá difícil ter fé nas pessoas, ainda mais quando destilam tanto ódio, mas ainda assim, espero que coisas boas comecem a surgir e a brotar...
É isso mesmo? Uma agnóstica esperando que um "milagre" aconteça? Talvez... Somos todos(as) contraditórios e paradoxais, não é? A diferença é que alguns têm coragem de admitir isso, outros não.
No mais, tenham um(a) bom/boa "qualquer coisa"... E se agarrem à essa "qualquer coisa" boa, mesmo que seja mínima, pois é ela que nos dá ânimo para continuar vivendo e tendo alguma esperança.
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Relações pessoais e Kintsukuroi
domingo, 17 de março de 2019
É, amigos(as)...
Estamos na era da pós-modernidade. A era do descartável: produtos descartáveis ou com prazo de validade (no caso da comida, é importante, mas de produtos eletrônicos, acho um tanto absurdo, pois empresas programam o período para os produtos começarem a falhar para assim, as pessoas consumirem mais e aumentarem o lucro delas [esse fenômeno se chama obsolescência programada. Podem pesquisar, se quiserem])... Trabalhadores descartáveis (por isso a flexibilização das leis trabalhistas)... Relacionamentos descartáveis...
Podemos jogar tudo fora, até pessoas.
Mais um momento "amiga, não revela a idade". Hahaha!
Sandra de Sá é das antigas, mas essa música é muito boa!
E eis que me pergunto até quando isso é bom... Pq jogar fora pessoas que nos feriram por motivos mesquinhos... Pq tiveram a intenção de nos causar o mal ou sentiram prazer em nos causar mal é algo extremamente importante! Temos que jogar fora essas pessoas de nossas vidas mesmo e fazer o que nos faz feliz, mas e quando essa pessoa não é uma pessoa que teve más intenções, mas teve apenas más escolhas ou más condutas, sem intenção de fazer o mal...? Devemos jogar fora também?
É muito fácil cair em maniqueísmos e categorizar as pessoas como "boas ou más", mas sabemos, quando crescemos ou estamos em fase de crescimento, que a vida é muito mais complexa do que isso. Existem sim pessoas egoístas e nojentas que só olham para o próprio umbigo e pouco se importam com o mundo ao redor. Existem sim pessoas com um nível de consciência tão baixo que sentem prazer em prejudicar os outros. Que deixam de cuidar de suas vidas APENAS para atrapalhar alguém que elas têm raiva e sim. Já testemunhei coisas assim e fiquei sem acreditar!
Tradução: "quando alguém é sórdido/nojento com você, não leve ao pessoal.
Não diz nada para você, mas muito sobre elas."
Por outro lado, somos seres humanos e não somos infalíveis. Há pessoas que erram na tentativa de acertar e, realmente, não tinham a intenção de fazer aquilo. Elas queriam fazer o melhor pela outra pessoa, mas, infelizmente, "pisaram na bola". Faz parte do nosso desenvolvimento, como seres humanos e que querem ser conscientes de seus próprios atos e compreensivos com os outros, saber diferenciar quem é quem para não cometermos as injustiças de aceitar pessoas que nos fazem mal de propósito e/ou de rejeitar quem errou, mas que não fez por mal.
É nesse momento em que eu, que estou muito envolvida com o tema da reciclagem, graças à pesquisa e reflexões da minha querida amiga Fátima, começo a comparar as coisas... O que é lixo e o que é reciclável? Afinal, recicláveis e lixo não são a mesma coisa. Lixo é aquilo o que não presta mais para nada e recicláveis, vc pode separar por tipo (papel, plástico, metal, etc) e depois, aquilo pode ser transformado em um novo produto e pode ser reaproveitado.
Com as pessoas, não é assim tmb? Tem pessoas que não nos servem mais, no sentido de contribuir positivamente para as nossas vidas e tem pessoas, cujos laços se afetaram, por algum motivo e cabe a nós reciclarmos ou ressignificarmos esses laços para que continuemos bem... Reciclar produtos/pessoas, na minha humilde opinião, é ter consciência sobre o lugar de cada coisa, pois se vc joga tudo no lixo ou em lugares impróprios, aquilo vai sujar e poluir o meio ambiente que, numa assimilação poética, pode ser seu coração, seus pensamentos e/ou sua alma...
Portanto, por mais controverso que seja essa relação moderna e antiga, ao mesmo tempo, eu acho nem toda relação que se abalou deve ir para o lixo... E, infelizmente, por piores que tenham sido os relacionamentos amorosos no passado (pq era muito mais machista e as mulheres tinham menos direitos do que têm hoje), os relacionamentos que se abalavam, as pessoas tentavam consertar... Afinal de contas, por mais machista que o mundo tenha sido anteriormente, haviam relacionamentos que davam certo, mesmo com esse machismo todo e haviam mulheres felizes também. Nem todas, mas elas existiram. Chega a ser até curioso, mais uma vez, esse paradoxo de que cada vez se inventam mais coisas para reciclar produtos, mas pouco ainda é reciclado. As pessoas preferem jogar fora e comprar um novo, sem se importar com os danos ao meio ambiente...
Hoje, nós mulheres conquistamos mais direitos, os homens estão um pouco menos machistas (um pouquinho sim, por mais incrível que pareça), temos relações amorosas um pouco mais democráticas que antigamente e muito mais opções, além da relação monogâmica (poliamor, relacionamento aberto, etc) e temos relações de amizades com pessoas em outros cantos do mundo que, às vezes, significam até mais para nós do que amizades com pessoas que vc vê, pessoalmente e todos os dias! E tudo... Absolutamente TUDO, até relações familiares, podem ser transformadas com apenas um clique... Você pode jogar seu namoro/ amizade/ relação familiar apenas deixando de seguir ou bloqueando a pessoa...
"Nããããããão! Não me bloqueia, por favor!"
Ou o "joga fora no lixo" manual e pessoal, né?
É absolutamente espantoso ver que temos mais formas de nos comunicarmos (Facebook, Messenger, Instagram, WhatsApp, Twitter, e-mail, celular, telefone, SMS, etc) e é através de um diálogo que estabelecemos relações e até que mantemos ou resolvemos os "perrengues" dessas relações e há pessoas que se negam a isso, porque acham melhor jogar no lixo ao invés de reciclar... Fico até sem palavras de descrever o que eu sinto ao me deparar com isso... Posso dizer apenas que fico perplexa... E bem decepcionada...
E bom... Para finalizar, há muito tempo atrás, vi uma técnica japonesa milenar chamada Kintsukuroi e como a imagem da notícia diz (fiz essa postagem primeiro no Facebook), "é a arte de consertar cerâmica com ouro e laca e compreender que a peça é mais bela por ter sido quebrada". Achei que com relacionamentos humanos, poderia ser assim, mas do mesmo jeito que "quando um não quer, dois não brigam", "quando um não quer, dois não se unem"...
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Reflexões
Empatia e alteridade
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Empatia e alteridade são algumas das palavras mais usadas e mais ditas ultimamente e pouca gente as compreende ou se importa com elas, mas são palavras que poupariam a humanidade de muitas coisas.
Com a alteridade, nós vemos o outro tal como ele é: como um outro ser e não como uma "extensão de nós mesmos" e respeitamos essas diferenças e com a empatia, nós sentimos com o outro. Quando combinadas, essas palavras produzem algo maravilhoso: eu reconheço o outro como sendo um outro e mesmo tendo ciência dessas diferenças, eu tento sentir junto os sentimentos deste outro.
Não é algo fácil, mas é algo tão humano e tão importante que as pessoas não fazem ideia...
É muito fácil eu ser de um grupo de xadrez, compreender todas as dificuldades que este grupo de xadrez enfrenta e não, pelo menos, tentar compreender as dificuldades de um grupo que joga dominó, por exemplo. É muito fácil eu dizer que o grupo que joga dominó tá com "mimimi" e eu só me concentrar nas dificuldades do grupo de xadrez no qual EU faço parte. Isso é algo muito fácil e é o que está acontecendo no mundo hoje... - não há, sequer, essa tentativa de tentar compreender o outro porque a mente está fechada e todo mundo quer ter razão.
Claro que usei um exemplo muito bobo, mas é o que acontece com os grupos minoritários, como as mulheres, os negros, os LGBTs, os imigrantes... Seria muito fácil se eu defendesse somente os direitos das mulheres e esquecesse o resto, pois é o grupo no qual eu me encontro, mas será que isso é o melhor para uma boa e pacífica convivência? "Cada um por si?" Não é por esse pensamento que estamos destruindo uns aos outros?
É por esse motivo que defendo todos os grupos minoritários: eu não preciso ser negra, nem LGBT, nem imigrante para defender o direito deles. Basta eu ter alteridade e empatia. A alteridade faz com que eu veja as diferenças óbvias e que eu compreenda meu espaço no mundo. Em alguns aspectos, em lugar de privilégios e em outros, não. É muito fácil para as pessoas que estão nesse lugar do privilégio achar que a dor alheia é mimimi. A empatia faz com que eu compreenda a luta dessas pessoas e tenha vergonha de algumas besteiras que as pessoas dos grupos ao qual pertenço falam e por isso, gosto de ajudar as minorias em sua luta, minimamente, tentando dialogar com as pessoas que não compreendem isso (sem muito sucesso, infelizmente. Hehe!).
Para desenvolver essas duas coisas, precisa querer desenvolver a inteligência emocional e a sensibilidade, coisa que algumas ciências humanas como as ciências sociais, psicologia e arte fazem, mas são, justamente, as ciências mais desvalorizadas por todos e que muitos consideram inúteis.
Acho que além de tudo isso, tem uma questão de maturidade envolvida... Lembro que na fase da infância, as crianças se veem como centro de tudo e é como se essas pessoas incapazes de compreender o outro fossem pessoas infantilizadas... Sem a capacidade de ver para além de si mesmas. Nesse aspecto, concordo quando dizem que vivemos numa sociedade infantilizada. Não falaram nesse aspecto que estou falando, exatamente, mas basta ver a forma como estão tratando a política, como se fosse um jogo de futebol e tem gente ainda "rindo pq seu time ganhou" e estamos todos inseridos nesse meio...
Boa parte dessas pessoas que não conseguem entender isso, mal entendem que direitos humanos não depende de visão política. Acham que "é coisa da esquerda" e resolvem abominar tudo, sem nem se dar ao trabalho de tentar entender as coisas. Gostam de simplismos e respostas rápidas e curtas para questões complexas e que exigem essa maturidade e sensibilidade...
Enfim... Estou cansada dessas cabeças fechadas, que gostam de se denominar "conservadoras" e que gostam de dizer que fazem parte de uma crença religiosa, cujo maior messias disse "amai uns aos outros como eu vos amei" e elas ficam "amando" esses outros com sinais de revólver com os dedos e com frases prontas que dizem "acabou a mamata", mas são completamente cegos para a mamata dos políticos que eles mesmos elegeram.
Enfim... Cansada de toda essa gente que vê tanto mal num pobre ganhando R$ 77 reais de Bolsa Família para, pelo menos, ter um pouco de comida na mesa e dizer que isso é mamata e é completamente cega aos muitos políticos que roubam, tanto da direita quanto da esquerda, e que são uns poucos com dinheiro suficiente para alimentar todos essas pessoas famintas.
Pior que os miseráveis, que sofrem com a falta de alimentos são essas pessoas, que têm falta de humanidade...
PS.1: não falei me gabando quando disse que luto pelos direitos da minoria e tento exercitar a empatia e a alteridade. Não sou nenhuma pessoa "em estágio de Buda" ou seja lá o que for. Tento fazer o que acho certo e pronto e pra mim, isso é algo tão básico para nós, seres humanos, que me choca tentar falar com tantas pessoas sem A MENOR noção dessas palavras e sem a menor sensibilidade contra as pessoas que mais precisam. E é porque eles se denominam "cidadãos de bem", hein? Imagine se fossem malignos!
PS.2: por mais que eu tente ser apartidária, dá pra perceber que me refiro aos bolsomínions, em maior parte porque são, justamente eles quem menos se importam com os outros. Só se importam com eles mesmos, mas se pessoas da esquerda também falarem besteira contra essas minorias, serei contra elas tmb, porque, como falei lá em cima, direitos humanos não é questão de direita ou esquerda. É questão de educação, consciência, caráter, sensibilidade, etc.
Postado por
Dali
às
13:32
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