Elas não querem casar. E agora?

domingo, 30 de outubro de 2016


Eu fico impressionada com essa educação maluca e terrível que dão a nós mulheres e assim, acham que todas somos iguais e quando uma mulher pensa fora da caixinha, "ai meu Deus! Uma feminazi!"

Desde sempre, fomos ensinadas a acreditar nos príncipes encantados... Muitos contos de fadas belíssimos onde as princesas são perfeitas e nós temos que ser parecidas com ela, óbvio, porque senão, não vai aparecer o príncipe encantado para casar conosco e assim, vivermos "felizes para sempre".



Mas na real, queridas amigas... Quantas de vocês encontraram um homem parecido com esse ideal do príncipe encantado? Eu já me apaixonei muitas vezes e acreditei ter encontrado uns príncipes encantados na minha vida, mas ao conhecê-los melhor, vi que eles não têm nada a ver com esses príncipes, apesar de terem sido caras bem legais...

Desde crianças, somos ensinadas a pensar no casamento como "o caminho da felicidade" onde, algumas mulheres, inclusive, veem como o principal objetivo da vida delas e isso é tão perigoso que elas não fazem ideia... 

Essa educação e imposição social é tão doida e nojenta que ela é dá margem a alto bastante perigoso: a violência contra as mulheres. Têm mulheres que aguentam a violência caladas porque os homens as manipulam, agredindo fisicamente ou psicologicamente e, depois, são carinhosos e falam que fizeram isso "porque as amam". Elas acreditam e acham que "ele só se descontrolou um pouquinho, mas me ama sim".

Alguns homens mau caráter sabem que as mulheres sonham com o casamento e se aproveitam disso, inclusive. Eles fingem serem bonzinhos para atraírem a vítima, que pensa que está "vivendo um sonho" e encontrou o "príncipe da vida dela" e ao se casarem... Ele muda COMPLETAMENTE!  



Nesses casos, é incrível ver que mesmo sendo algo muito antigo, o contrato de casamento ainda é visto como um instrumento de posse... Então, um homem mau-caráter se passa por bonzinho e quando se casa com a mulher que ele quer, mostra quem ele é realmente, podendo, mais uma vez, chegar aos casos de violência contra a mulher e feminicídio. O homem a vê como posse. Já que "ela é dele", ele não tem para quê fingir e "se ela não é minha, não será de mais ninguém". Eis o motivo da violência e assassinato de mulheres.

"Dali, que tema punk é esse? Pq vc está falando sobre isso hoje?"

Estou falando porque li uma postagem de um site masculino que achei interessante. 

Achei a iniciativa do site de falar de relacionamento, amor e casamento aos homens muito válida e até falaram sobre drinks e comidas para agradar a mulher. Achei legal isso e espero que mais homens tenham essa ideia de agradar as mulheres e as mulheres, claro, devolverem esse agrado. O que não é justo é que existam várias revistas femininas que ensinam as mulheres a agradar o homem e muitos homens não tenham, sequer, esse interesse e que as mídias e meios de comunicação, de forma geral, não estimulem esse comportamento no homem que, realmente, gosta da mulher e quer vê-la feliz e não o cara que trata a mulher como objeto.

O tema da postagem é "Quando elas não querem casar" e pode ser lida aqui

Alguns trechos me chamaram a atenção. entre eles, o de um psicólogo que gosto bastante e que tem textos fantásticos sobre mulheres, comportamento, relacionamento, etc:
“Muitas mulheres não querem casar porque tem receio de se expor ou submeter às fantasias ‘conturbadas’ que pregam sobre o casamento: submissão ao homem, perda de individualidade, falta de sexo, dependência financeira, traições. Em geral elas querem ter um companheiro, mas nem todas assumem isso e então se apegam ao discurso pós-moderno da liberdade absoluta”, explica o psicólogo autor do Blog Sobre a Vida, Frederico Mattos. “Isso seria uma evolução se fosse uma decisão plena e não mera reação ao conservadorismo que diz que todos devem casar”, conclui.

Como muitos sabem, há muitos movimentos feministas que buscam dar empoderamento à mulher e esses movimentos são muito importantes. Sempre tem "gente maluca" em tudo o que é canto e isso não é diferente nos movimentos sociais como um todo, mas essa coisa de "não casar" é parte desse empoderamento, pois aos homens, não tem taaaaanto essa coisa de "tem que querer casar". Estarei generalizando, mas óbvio que existem exceções. Quando um homem não quer casar, todo mundo entende que ele "está perdendo a liberdade", "será acorrentado" e tudo o mais. Só quando o homem está muito mais velho é que ele sente a necessidade de ter uma mulher a seu lado para cuidar dele. Agora, vamos falar um pouquinho de História?

Algumas mulheres, no início do século XX, eram internadas em manicômios por não quererem casar (Veja a resportagem que conta isso: http://www.contioutra.com/deu-a-louca-nas-mulheres/ ). Vocês têm noção disso? É como se fosse imposto que "toda mulher deve querer casar" e nem todas as pessoas são iguais.



É verdade que a sociedade ensina para todas nós que "casar é legal", mas, cada vez mais, as mulheres estão se decepcionando com o casamento pq elas acabam tendo uma dupla jornada de trabalho (chegam do trabalho e vão arrumar a casa e cuidar dos filhos) e se os homens não chegarem junto, as mulheres se estressam, não conseguem se cuidar e desgasta a convivência. Por isso que sou fã do homem moderno, que tem uma consciência de que ajudar a mulher com os afazeres domésticos é excelente para a relação e assim, um ajuda o outro (a mulher trabalhando tmb ajuda a pagar as contas). Infelizmente, essa consciência ainda não atingiu a maioria dos homens, que têm uma boa vida durante o casamento, pois a mulher, além de tudo, cuida da saúde e bem-estar DELE. A saúde da mulher fica desgastada no casamento (http://www.sul21.com.br/jornal/o-casamento-e-um-risco-para-a-vida-das-mulheres-diz-medica-especialista-em-saude-mental-feminina/ ) e o número de divórcios está bem alto e a iniciativa do término, na maioria dos casos, é da mulher (http://ambito-juridico.jusbrasil.com.br/noticias/2996646/mulheres-lideram-pedidos-de-divorcios-afirma-ibge )... Então, tá faltando uma educação aos homens no sentido de dividir a tarefa doméstica com as mulheres... Tratá-las com igualdade e não como se fossem inferiores... Respeitar a opinião delas quanto a querer casar ou não e quanto a outros assuntos... Dialogar com elas (o diálogo faz uma falta enorme entre os casais)...

Estou lendo um livro muito interessante que fala sobre o amor durante a história ocidental e tô lendo muitas coisas interessantes. Li que durante o período Neolítico é que o homem observou que quando os rebanhos de macho e fêmea se juntavam, eles tinham filhotes, associaram isso à raça humana e, desde então, muitos homens têm tentado controlar a vida reprodutiva das mulheres. Talvez isso explique porque eles insistem numa sociedade que as educa para casar, mas se ela "dar" no primeiro encontro, é uma "puta"... Se engravidar e não quiser ser mãe, ela é louca, porque "filho é uma dávida", mas se o homem não quiser assumir, "tudo bem"... Entre outras coisas que vemos na nossa sociedade. 

Na Grécia antiga, as mulheres tinham tantos direitos quanto os escravos. As que casavam só serviam, praticamente, para procriar e cuidar da casa, enquanto o homem tinha uma vida sexual bastante ativa fora de casa, com as hetairas (cortesãs) e com homens adolescentes. A lei da Grécia antiga estabelecia que o casal deveria ter, no mínimo, 3 relações sexuais por mês e o homem que não se casasse teria que pagar uma taxa alta ao Estado (foi a forma que o Estado teve de obrigar as pessoas a se casarem) e as mulheres eram proibidas de serem educadas, enquanto os homens tinham educação na arte do combate, filosofia, música, matemática, etc. Eles achavam as mulheres burras e devassas, pois não compreendiam que a elas era negado o conhecimento e se não tivesse essa lei que definia o número mínimo de relações que elas poderiam ter, talvez os homens fizessem ainda menos, pois eles se divertiam mais com as hetairas e os adolescentes. Isso foi há 300 anos antes de Cristo e ainda há homens que, infelizmente, ainda pensam assim (na mulher pra cuidar de casa - a pra casar - e a mulher pra ele se divertir).



Sabendo que isso foi há mais de 300 anos a.C, imagine que todo o período de lá pra cá, muitas e muuuuitas mulheres não tinham muitos direitos e foram conquistando tudo aos poucos... E ainda tem homem que acha que a luta feminista é bobagem... E com as mulheres mais bem-educadas e conscientes hoje em dia, vendo que alguns homens não querem mudar essa mentalidade de querer controlar a mulher no casamento... Ou o cara não ajuda em casa e a mulher fica desgastada e aí, o cara reclama "nossa! Vc era tão bonita antes. Nem está se cuidando mais" e fica secando outras mulheres mais novas na frente da esposa... E ainda tem caras que reclamam seus direitos de família conservadora e tradicional, mas trai a esposa... Tem cara que tem ciúmes doentios e qualquer coisinha que a mulher faz, ele já faz pra cima dela com tom ameaçador...

Enfim... São vários os motivos. Não é apenas uma "rebeldia contra uma instituição tradicional"... Sei que tem homens legais que querem casar sim e que não fazem nada disso, mas tenho quase certeza que desses exemplos que eu citei, vocês devem conhecer alguém nas suas famílias ou até amigos seus que fazem uma ou mais coisas das que eu falei.

Outro trecho que me chamou a atenção:
Se sua menina está se esquivando toda vez que você toca no assunto é hora de parar, respirar e pensar em como agir. Não adianta empurrar com a barriga e fingir que não se importa. Afinal, apesar de cada caso ser um caso, com o passar do tempo você tende a ficar mais frustrado com a negativa.

Mais uma vez, me impressionei ao ler que existem pais que se preocupam com o fato das suas filhas não quererem casar. O que está implícito nesta frase, seja de forma consciente ou não, é que "a mulher que tem vontade de casar é normal e a que não quer, não é" e por isso, como "um bom pai", ele tem que conversar com sua filha para convencê-la a mudar de ideia.

Mas na real, queridos homens... Vamos refletir um pouco... Façam a si mesmos as seguintes reflexões:

1) Qual a idade da sua filha? Ela é criança, adolescente ou jovem? 

2) Como você era quando tinha a idade da sua filha? Você era um homem que queria casar ou era um homem que queria experimentar o sexo e "aproveitar a vida ao máximo" (excluindo a fase da infância, claro)?

3) Os seus amigos agiam da mesma maneira que você? Como eles agiam e o que falavam quando o assunto era mulheres?

4) Como agem os colegas de escola ou meninos, de forma geral, da idade da sua filha?

5) Você é feliz no seu casamento? Seus amigos casados também são felizes? São fieis às esposas? 

6) Você tem amigas casadas? Se sim, o que elas falam dos maridos delas? Elas são felizes no casamento? São fieis aos maridos?


Mais um vídeo para vocês, pais, refletirem:



Se você vê que com meninos é diferente e que ainda têm muitos homens que "fogem do casamento como o diabo foge da cruz" e que não seriam bons maridos, por que DIABOS você quer convencer a sua menina que ela TEM que querer casar?

Precisamos de uma mudança coletiva. Tanto os homens devem rever a maneira com o qual eles tratam as mulheres e encaram o casamento (ou relacionamentos duradouros, estáveis e monogâmicos) e como as mulheres precisam ver que é possível ser feliz no casamento sim, mas ele não deve ser o seu maior projeto de vida.

Por isso, quanto ao conselho dos pais para as filhas, não tentem convencê-las a casar se elas não quiserem. Ao invés disso, façam elas se amarem do jeito que são e empoderem-nas! Ensinem que elas são maravilhosas e que elas não devem aceitar qualquer coisa e sim, que elas fiquem com um cara muuuuito legal e se a união entre eles for duradoura e estável, é provável que se casem ou que morem juntos. 


Mais uma vez, essa postagem não é um "nunca se case na vida" ou "o casamento é um inferno" e sim, uma "provocação" para que a gente reflita sobre pensamentos ancestrais que perduram até hoje e que poderiam ser mudados.

Enfim... Essa foi a reflexão do dia. 

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