Minha religião

quinta-feira, 16 de agosto de 2018


Que creio, senão no invisível,
E nos enigmas do subconsciente...?
No absurdo e no plausível...
No poder do sentimento e da mente...?

Que emano, senão o abstrato,
Com teor de energia tão concreto
Onde mistura-se a crença e o fato
E emerge em forma de afeto?

Que colho, senão o aplauso
À oração entoada em voz
Do canto, sagrado, em causo
Que ondula e se encontra na foz?

Que louvo, senão o humano,
O carnal, o vulgar e o divino,
O corpo sacro e profano,
Templo do desejo clandestino?

Que cultuo, senão a arte
E sua imensurável criação
De um mundo tão aparte,
Mas que parte do coração?

Que adoro, senão o sabor
Do intangível e do palpável
Doce sentimento de amor
Indescritível e inefável...?

E fica a pensar e intuir...
A refletir e a cantar...
Sempre buscando o devir...
Sempre a me doar...
Até o dia em que eu partir...
Até o último resquício do ar...
Quando a chama se extinguir...
Quando meu canto se calar...
Quando meu corpo se indefinir...
Quando minha alma virar mar...


(Daliana Medeiros Cavalcanti - 15/08/2018)

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