Desabafo Nº 13

domingo, 28 de outubro de 2018

Ilustração: ParadoxArt

Tenho uma estranha relação com a morte...

Na adolescência, eu ansiava por ela...

Queria encontra-la, abraça-la e beijá-la para não sofrer mais...

No fundo, eu não queria morrer, mas queria que meu sofrimento se extinguisse, tal qual a chama de uma vela de aniversário...

Às vezes, é preciso morrer... Não a morte física e o suicídio, mas morte também significa renascimento... É o passado se despedindo e o futuro acenando e aos poucos, entrando em sua vida, embrulhando no presente... É importante saber qual parte do passado merece ser mantida na vitrine das doces lembranças e qual parte do passado deve ir embora ou estar morta e sepultada, também no túmulo das recordações, para ver o quanto você mudou... O quanto te transformaste...


Felizmente, houveram anjos em minha vida e ao me ouvirem, eu me sentia acariciada e beijada, mas pela vida... E começava a ver os sofrimentos tais como eles são: situações passageiras.

Mas nem sempre, a vida nos faz carinho.

A vida pode ser cruel e pode te bater e rasgar o seu peito... Destruir seu coração em mil pedacinhos... Em farelos e frangalhos... Pode te torturar com o silêncio ou corroer sua alma com a dúvida e a indiferença...

Sim, amigos(as)... A vida nem sempre é boa... E é por isso que, algumas vezes, pensamos em nos livrar dela...

É natural nos livrarmos do que nos faz mal, mas, dependendo da situação, tentar mudar a perspectiva e aprender com o que ou quem nos fez mal é um grande sinal de maturidade e que a gente só enxerga o nosso valor e nossa força quanto nos deparamos com um momento de enfrentamento.

O que seria do(a) guerreiro(a) se ele(a) não lutasse?

Sua função não teria sentido algum.


E a vida é isso: uma luta, onde você apanha feio e umas vezes, você ganha e em outras, você e perde, mas eu gosto de um pensamento, cujo autor não me recordo, que diz “a gente ganha de qualquer jeito - vitória ou aprendizado/experiência”.

A vida é essa constante luta e esse processo de treinamento interior, onde você amadurece e vai se preparando para o próximo embate.

É se conhecer... Ver suas melhores qualidades e ver o que você precisa melhorar e trabalhar em cima disso... Se contentar com as coisas boas que você tem... E treinar sempre... Buscar sempre ser um ser humano... Um(a) lutador(a) melhor, sem perder a ternura e o amor de ajudar as pessoas próximas a se levantarem e seguirem em frente, lutando suas próprias lutas. De repente, vai que alguma pancada que você tomou (ou um golpe que você desferiu) ensine a essa pessoa a como se defender ou se esquivar de um novo ataque?

As vitórias dos outros são também vitórias nossas e como é gostoso poder ajudar!


É para isso que estamos aqui – para nos ajudar! E quer saber? Todos nós estamos sofrendo. Em maior ou menor grau, estamos sofrendo com alguma coisa e não há nada de errado em expor a sua fragilidade ao mundo.

Se você sofre, compartilhe sua dor com outra pessoa que sofre e a troca de sentimentos e revelações acalentará o seu dolorido coração.

Veja meus hematomas... Meus cortes... Minhas cicatrizes... O sangue que escorre de minhas feridas e que está embutido em cada palavra que escrevo, como se fosse tinta... Ouça minha respiração profunda e rápida ao sofrer essas bordoadas, na tentativa de respirar um pouco e recuperar o fôlego para seguir em frente... O suor brota em minha face, devido a árdua batalha... E tantas quedas e passos trôpegos, com pernas bambas e cansadas de tanto lutar...


Sim... As pancadas da vida doem... Machucam... E vez ou outra, me pego pensando, novamente, como pensava quando era adolescente... E penso em dizer à vida: “saia daqui e me deixe em paz! Cansei de você! Não quero mais lutar!” e tal como uma professora carrasca, ela não para, pois ela precisa me/te ensinar algumas coisas.

Ela é professora e escola, então, tem o momento do intervalo, onde podemos descansar, relaxar, estar com os amigos, brincar... Mas mesmo a mais feliz das criaturas, que vive em estado de paz abundante, tem alguma coisa pelo qual lutar, senão, a vida em si não teria sentido, a não ser que essa pessoa fosse um ser extremamente iluminado, um(a) mestre(a) que veio aqui só com a missão te ensinar, porque a ele(a), não precisa aprender nada e por mais que eu conheça pessoas super-iluminadas e evoluídas, acho pouco provável que venhamos ao mundo sem nada a aprender e/ou acrescentar.

Portanto, guerreiro(a), LEVANTE-SE!


Levante-se porque a luta não terminou e se você encerrar a luta antes, jamais poderá ver a pessoa que você se tornará e jamais poderá ver a coleção de troféus em sua estante, de cada vitória conquistada, mesmo que seja uma vitória pequena, como a simples coragem de se levantar da cama e enfrentar a vida, tal como ela é, pois muitas vezes, nem sequer termos força para fazer isso... E se você conseguiu, coloque mais um troféu em seu armário e uma medalha em seu peito. Se não conseguiu, tente de novo na próxima. Mesmo sendo uma professora carrasca, ela sempre te dá uma chance. Sempre!

Deu certo? Ótimo. Não deu? Muda o rumo... Muda a estratégia... Se possível, muda o objetivo, mas LEVANTE-SE e LUTE porque ninguém fará isso por você! O máximo que podemos fazer é nos dar as mãos, ajudarmos a levantar e te dar umas dicas de golpes, defesas ou esquivas e depois, quem segue lutando é sempre e somente você.

Portanto, vamos nos dar as mãos e lutar COM a vida... Lutar PELA vida... E termos a estranha e gostosa sensação de poder também trocar carinhos, beijos, gozos e afagos com ela.


(Daliana Medeiros Cavalcanti - 28/10/2018)

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