Carta aos negacionistas da pandemia de COVID-19

sexta-feira, 19 de março de 2021


Boa noite a todos(as)!

Como vocês sabem, estamos em tempos muito conturbados e isso não é novidade para ninguém, entretanto, acreditamos que os motivos para que isso aconteçam sejam diferentes.

Sim, temos opiniões muito divergentes é mais fácil elencar o que discordamos do que concordamos, entretanto, com esta humilde carta, gostaria de listar algumas das opiniões que temos em comum, com algumas referências para que vocês possam, minimamente, refletir à respeito e se eu conseguir causar essa reflexão em, pelo menos, algumas pessoas, já me darei por satisfeita. Vamos a elas!



Você está preocupado(a) com a economia? Que legal! Nós também! 

Não é porque nós acreditamos na letalidade do vírus que somos preguiçosos, vagabundos(as) e não queremos trabalhar. Todos(as) nós estamos muito prejudicados(as) com essa pandemia e estamos loucos(as) para voltar ao trabalho! 

Estamos tendo prejuízos, assim como vocês... Passando dificuldades... Alguns também passam fome... Alguns de nós também perdemos familiares e amigos(as) para essa doença...

Mas o fato é que todos os países que ignoraram os riscos desse vírus tiveram consequências nefastas, como a Itália, no ano passado, por exemplo. Até mesmo países que vocês tinham como referência, que não adotaram o lockdown, como a Suécia e o Japão estão pagando caro pelas suas decisões.

E eis que eu pergunto a vocês: por que ao invés seguirem exemplos de sucesso, como a Austrália, vocês preferem negar tudo e "buscar as exceções às regras"? Não seria melhor se adotássemos o que está funcionando pelo mundo afora, ao invés de ignorar as recomendações da OMS e que nos restringíssemos temporariamente para depois, podermos viver nossas vidas em paz?


Circula um boato de que "a OMS não recomendou o lockdown" e existem matérias que atestam que a frase foi retirada de contexto.

De fato, se não estivéssemos em uma pandemia e houvessem poucos casos de pessoas infectadas com o COVID-19, não haveria necessidade do isolamento porque isso, de fato, afeta a economia do país, mas não é o nosso caso agora.

Nesse site do governo, observa-se que existem mais de 11 milhões de casos confirmados, mais de 10 milhões recuperados e mais de 290 mil óbitos, em outras palavras, a pandemia é sim uma triste realidade que nenhum de nós gostaria de estar. Com esses números, nós lideramos o número de mortos e infectados pela COVID-19 e assim, ultrapassamos os EUA


A estratégia para enfrentar a pandemia era a mesma para todos os países: isolamento social apenas para que a curva de contaminação abaixe e assim, com esse isolamento temporário, os nossos governantes (presidente, governadores e prefeitos) nos assegurariam e nos dariam um Auxílio Emergencial, para que possamos em condições dignas, até que essa fase crítica passe.

Passada esta fase, não precisaríamos mais nos isolarmos, mas manteríamos os cuidados até o controle total do vírus e a chegada das vacinas e com esse controle e curva achatada, voltaríamos às nossas vidas normais. Essas medidas rigorosas foram adotadas pela Austrália e com isso, eles foram o país que melhor lidou com a pandemia e que conseguiu zerar os casos de COVID. Na matéria da rede de notícias alemã Deutsch Welle, ressalto o trecho que diz:

A Austrália foi elogiada por sua resposta à pandemia de coronavírus, com medidas de contenção rigorosas e rápidas que, combinadas com a tendência da população em cumprir as normas anticoronavírus, permitiram que os hospitais australianos não se sobrecarregassem.

Além disso, os países puderam amparar seus cidadãos com generosos Auxílios Emergenciais.

Em dezembro do ano passado, o auxílio emergencial foi aumentado para US$ 2.000,00 nos Estados Unidos, que seria o equivalente a R$ 10,4 mil. O Reino Unido pagou 2.500 libras (pouco mais de 15 mil), por mês, a trabalhadores autônomos. A Espanha aprovou um Auxílio Emergencial que equivale a R$ 6.000,00

Enquanto aqui no Brasil, nosso auxílio foi de apenas R$ 600,00, estudaram a redução para R$ 200,00 e depois, mais um reajuste onde a maioria dos brasileiros vai receber apenas R$ 150,00

Reparem na diferença com a qual esses países ricos tratam o seu povo e como o nosso país nos trata. O correto seria termos esse amparo para não termos que nos arriscar e trabalhar temporariamente e, depois que tudo isso passasse, voltaríamos a nossa vida normal.


Repito: nós também adoraríamos voltar a trabalhar presencialmente, entretanto, isso ainda não é possível. Está muito arriscado e essa segunda onda do vírus está ainda mais perigosa do que a primeira, portanto, mais do que nunca, precisamos nos proteger.

Com muitas pessoas desobedecendo as medidas, o vírus evolui e surgem novas variantes mais letais e mais perigosas; nossos hospitais vão ficando superlotados e sem condições de cuidar de todos os pacientes (vide exemplo de Manaus); a nossa situação econômica fica muito ruim, especialmente se você depende do comércio exterior, porque o nosso combate ao vírus está péssimo e assim, poucos empresários confiam no Brasil para investir seu dinheiro e ficamos numa "sinuca de bico" - de um lado, o brasileiro está mais pobre e do outro, o mercado internacional não confia em nós, por causa dessa má gestão do coronavírus.

Nesse momento caótico, o certo era para o governo federal pudesse chegar junto, assim como vários presidentes de países capitalistas fizeram em seus países, e liberar um Auxílio Emergencial digno, para que possamos sobreviver, até que a pandemia passe, mas, ao invés disso, o presidente prefere negar tudo e sem nenhuma formação prévia em alguma área de saúde, recomenda remédios sem comprovação científica, comprometendo a saúde de todos(as), inclusive, dos eleitores que o apoiam.


Inclusive, o maior defensor da cloroquina, o médico francês Didier Raoult, admitiu que o medicamento não serve para tratar COVID e a própria fabricante de ivermectina também admite a ineficácia do remédio no tratamento da referida doença, no entanto, o presidente e alguns governantes seguem defendendo essas medidas ineficazes.

E assim, com tudo isso posto, temos que passar mais tempo isolados(as)...

Enquanto as pessoas não se conscientizarem que precisam fazer a parte delas e que precisam pressionar as autoridades para tomarem medidas preventivas e protetivas, continuaremos nesse isolamento infernal.

Portanto, é preciso saber a quem cobrar em termos de medidas a serem tomadas para prevenção e controle do vírus, para podermos voltar às nossas vidas normais logo.

Procure saber o que o(a) Prefeito(a) da sua cidade, o(a) Governador(a) do seu estado e o Presidente da República estão fazendo para isso e procurem fontes fidedignas para não se informarem por fake news.



Nos parágrafos acima, nós vimos muitas ações a níveis nacionais, ou seja, medidas que os Presidentes ou Ministros tomaram em seus países para conter o avanço do vírus. Após liderarem o número de infectados e mortos durante boa parte de 2020, o presidente Biden adotou um pacote de medidas, que custou mais de um trilhão de dólares. O pacote incluía a compra de várias doses de vacina e assim, com uma ágil e eficaz campanha de vacinação, em pouco tempo, o número de infectados caiu nos Estados Unidos.

O que observamos aqui no país, entretanto, são ações de impedimento para a compra das vacinas do Presidente da República em relação às Prefeituras e Governos Estaduais e outras de caráter inexplicável, como a não compra de seringas para aplicação das vacinas, por parte do ex-ministro da saúde, além do incentivo às aglomerações e à volta ao trabalho, mas já vimos acima que se os governantes se importassem, de verdade, com a nossa vida, distribuiriam Auxílios Emergenciais enquanto estamos em pandemia, ao invés de pedir para as pessoas arriscarem suas vidas, quando eles podem e têm condição de nos ajudar. Aliás, é para isso que eles são eleitos - para facilitar e não para dificultar as nossas vidas.

Reforço que todos os países que citei acima e que estão distribuindo os Auxílios são capitalistas. Não se trata de uma mudança para o sistema socialista ou comunista, como muitos acreditam.

Gostaria, ainda, de lembrar que os políticos que elegemos são funcionários pagos com os nossos impostos. Eles(as) não estão ocupando cadeiras importantes para serem reverenciados(as) como deuses(as) e sim, para trabalhar para nós. Essa é a função deles: garantir os nossos direitos.

A nossa função é cobrá-los(as), especialmente, quando não estiverem fazendo um bom serviço, independente de ser de esquerda ou de direita, ou de gostarmos deles(as) ou não. Cobrá-los é o nosso dever enquanto cidadãos(ãs).

Por fim, quero agradecer a você, caso tiver chegado até aqui e lido tudo e gostaria de pedir para que compartilhe essa carta para assim, podermos conscientizar mais e mais pessoas.

Reparem que não estou pedindo que você "vire esquerdista" ou "goste de político x ou y da esquerda" porque não é essa a questão. Ainda vivemos num país democrático e é importante que tenhamos esse direito de pensar diferente. Só peço que reflitam sobre tudo e que cobrem aos responsáveis por essa má gestão da pandemia.

A saúde jamais deveria ser politizada. Mesmo que eu não concorde com suas ideias políticas, gostaria que pudéssemos viver para debater no futuro, quando tudo isso passar.


Também estou com saudade de aglomerar com os amigos... Rever pessoas amadas e de trabalhar fora de casa, mas enquanto não é possível ter essa segurança, mantenho as recomendações para que eu, minha família e outras pessoas tenham a oportunidade de continuar vivendo após essa triste crise sanitária.

Empatia e consciência ainda são os melhores remédios contra a COVID. Tome sem moderação. 


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