(Daliana Cavalcanti – 01/05/2022)
Cogitei a possibilidade de fazer essa “corrida maluca” e até tive a ideia mais doida ainda de cancelar minha aula, ou seja, deixar de ganhar dinheiro para gravar esses vídeos e participar de um concurso, onde só teria gasto de dinheiro e a remota possibilidade de ganhar alguma coisa, caso vencesse e estivesse em um dos três primeiros lugares!
Além disso, o corre-corre seria grande, ia gastar mais dinheiro para gravar e participar de um processo seletivo de total incerteza, pois além de não estar competindo na minha melhor forma, era algo que eu não sei se vai me gerar algum retorno.
Por esse mesmo motivo (experiência), eu também sei que concursos de canto lírico envolvem tantas coisas – há alguns em que o(a) “professor(a) fulano(a)” está na banca e, por “muita coincidência do destino”, os(as) alunos(as) dele(a) vão para a final e até ganham! Incrível, não acham? Há outros em que os jurados confundirem “gosto timbrístico” com “técnica vocal” ou, falando em bom português, elas(es) escolhem as pessoas porque gostam daquele tipo de voz (leve e ágil ou grande e escura) e não porque aquela pessoa possui uma boa técnica e tanto existem pessoas que escurecem a voz (vez ou outra, faço essa bosta e estou tentando parar) ou que tentam forçar um piano nada compatível com as vozes que possuem.
O que acho mais perigoso nessa questão é que são essas as pessoas que, geralmente, ditam “o certo e o errado” em relação ao canto lírico e lógico que tem jurados INCRÍVEIS e com um conhecimento admirável, mas também existem uns que falam tanta bobagem, que não consigo não me impressionar, quando me deparo com esse tipo de situação e fico muito sentida porque vejo cantoras(es) MARAVILHOSAS(OS) sendo desmerecidas(os) por causa de GOSTOS PESSOAIS e de QI (a famoso e velho "Quem Indica") e não por uma “má técnica”, como alguns jurados fazem acreditar.
Mas enfim... Observações sobre concursos de canto lírico à parte – e que nem sei como será esse, pois está em sua primeira edição, entretanto, o que citei acima é muito comum, gente. Não se iludam –, minha intenção era apenas mostrar meu trabalho e ficar mais conhecida, mas que tipo de impressão eu vou passar, estando com a musculatura tão despreparada e ainda gastar dinheiro assim mesmo, sem conseguir dar o melhor que sou capaz de fazer, e sim, o melhor que eu CONSIGO fazer, dadas essas circunstâncias?
Pesei tudo isso na balança e cheguei à conclusão que o mais lógico era deixar isso para lá e me preparar melhor para outras ocasiões. Meu corpo cansado sentiu – e ainda com sono e dor de cabeça, por ter dormido pior do que o normal – um alívio imenso, como se um dinossauro saísse das minhas costas, mas meu ego enorme tá, até agora, PUTO, brigando comigo e REVOLTADO por eu ter desistido.
Chega a ser engraçado você saber, racionalmente, que foi a melhor decisão a ser tomada, mas que algo aqui dentro está inconformado, te achando uma fraca por ter desistido e que “se você tivesse lutado, teria dado certo”. Muita gente pode me julgar assim e parte de mim vai concordar. Fiquem à vontade.
Eu cresci ouvindo coisas bem depreciativas a meu respeito e APRENDI A SER ASSIM. Ouvia coisas como “você sempre escolhe o caminho mais fácil”, como se nada que eu tivesse feito fosse fruto de esforço e tudo caísse do céu para o meu colo, na maior facilidade do mundo e, com isso, aprendi a não enxergar e reconhecer o suor que me escorre a testa, toda vez que luto por algo, como se tudo o que fizesse fosse insuficiente e, consequentemente, aprendi a não reconhecer o meu próprio valor, nem o valor da minha história e vivências.
Sou PUTA com essa história de “dom” – para cantar assim, eu estudava 3h/dia na Escola de Música e eram 3h/dia CANTANDO e, algumas vezes, nos finais de semana também. Não era lendo. Logo, isso NÃO TEM NADA A VER COM DOM. Foi dedicação e MUITA!
Inclusive, me impressionei porque mesmo com esse lado egóico ferido por eu não ter insistido, a depressão faz com que as frustrações me deixem mais cansada ou com mais sono e eu durmo mais ainda, mas isso não aconteceu. Estou com sono porque não dormi bem e acordei várias vezes durante a madrugada, simplesmente, e não por desencadear esse “mecanismo de autodefesa involuntário”, pela decepção comigo mesma. Espero que isso seja um bom sinal em direção à cura.
É muito louca essa sensação de você ter consciência que foi a melhor decisão a ser tomada e, ao mesmo tempo, estar com o ego ferido, que te cutuca, dizendo que “devia ter dado o sangue, lutado até o fim, etc”, e isso também me faz pensar o quanto nossa sociedade, atualmente, romantiza muito as pessoas que dormem pouco, “trabalham feito o cão” e não se dão conta o quanto isso é prejudicial à saúde e que estão, na verdade, se matando à conta-gotas.
Isso me faz lembrar o que a Maria Homem, psicanalista BRILHANTE, falou num vídeo onde explicava sobre o superego e como esse “supra-eu” gozava com a castração do “euzinho lixo”, apontando o dedo para ele e dizendo o quanto ele é ruim, burro, incapaz, etc, o quanto precisávamos perceber que nós não precisamos mais “gozar nesse lugar” e que aprendemos a ser assim desde a infância, na criação e na dinâmica familiar; portanto, desconstruir esse padrão é um processo, e dificilmente é rápido.
É fácil apontar dedos. Difícil é calçar os sapatos do outro, caminhar seus passos e se olhar no espelho, portanto, quem quiser me julgar, fique à vontade. Já estou acostumada e eu mesma também estou irritada, mas muitas coisas hoje não saíram como gostaria e a vida é assim. Nem sempre é feita de vitórias e está tudo bem. Bola pra frente. Sei que haverá outras oportunidades e me prepararei melhor para elas.
Beijão a todes e obrigada por lerem tudo.
Eu ODEIOOOOOOOO desistir! Odeio, odeio, odeio, odeio e odeio! E caso tiver alguma dúvida sobre como me sinto quando tenho que desistir de algo, eu ODEIOOOOOOOOOOOO!!!
O texto já começa assim porque ainda estou um pouco chateada. Estou aprendendo a acolher mais a minha irritação, frustrações e fracassos, mas fico REVOLTADA comigo mesma quando desisto de algo e, hoje mesmo, era o último dia para se inscrever num concurso de canto e, infelizmente, eu não consegui gravar os vídeos a tempo, mesmo tendo articulado com a pianista para fazer as gravações e com meu cunhado, para me emprestar a câmera (inclusive, muito obrigada aos dois 💖).
Expectativa: eu marco dois ensaios, decoro duas peças novas (duas entre três músicas que tinha que cantar) e, finalmente, faço a gravação com um dia de antecedência para concluir as inscrições, pois assim, podia fazer tudo com uma certa tranquilidade.
Realidade: no dia da gravação, por estar com a musculatura muito fraca, devido ao pouco estudo durante a pandemia, das três músicas que tinha que gravar, só uma ficou boa e as outras me fizeram tossir, de tanto que forcei a voz e se continuasse, poderia ficar rouca ou afônica. Pelo bem da minha saúde vocal, tive que parar e a coisa boa era que havia a possibilidade de eu gravar no dia seguinte, até antes do horário da minha aula.
Chego em casa, coloco a câmera para carregar e poder gravar no dia seguinte, entretanto, reparo uma coisa: a única forma de descarregar os vídeos era através do cartão de memória e nenhum dos computadores daqui de casa possuem essa entrada... Então, eu teria que ir ao apartamento da pianista para gravar, deixar a câmera com ela ou meu cunhado (outro deslocamento), pedir para um deles subir os vídeos na nuvem (ou em plataformas como o WeTransfer) e, enquanto eles me passavam os vídeos, eu corria para casa, ministrava minha aula online, e lá para 20:30h, eu perguntaria se os vídeos já estavam na nuvem (dependendo da velocidade da máquina e dos tamanhos dos vídeos, pode ser que demore mais), e, se não tivessem, teria que esperar e, quando estivessem prontos, teria que baixar, cortar pedaços desnecessários (como eu ajeitando a câmera para gravar e/ou indo desligar a câmera), subir no Youtube, terminar de preencher a ficha e, finalmente, concluir tudo até às 23:59h. Ufa!
Cogitei a possibilidade de fazer essa “corrida maluca” e até tive a ideia mais doida ainda de cancelar minha aula, ou seja, deixar de ganhar dinheiro para gravar esses vídeos e participar de um concurso, onde só teria gasto de dinheiro e a remota possibilidade de ganhar alguma coisa, caso vencesse e estivesse em um dos três primeiros lugares!
Daí, a razão bateu à minha porta e perguntou “bicha, a senhora está louca?” e então, comecei a analisar a coisa friamente: canto é corpo e o meu estava só o bagaço, pois fiquei tão ansiosa com a situação que demorei mais ainda para dormir (de umas 3h e tanto. Quase 4h), acordei de instante em instante e, nessas condições, o meu corpo, ainda mais cansaço, poderia fazer com que eu “gritasse” e forçasse mais a voz, para compensar a fraqueza muscular, que estava BEM maior.
Além disso, o corre-corre seria grande, ia gastar mais dinheiro para gravar e participar de um processo seletivo de total incerteza, pois além de não estar competindo na minha melhor forma, era algo que eu não sei se vai me gerar algum retorno.
Por ser “macaca velha”, nas poucas vezes que competi, eu nunca ia pensando que vou ganhar, pois por me conhecer, sei que se for com essa intenção e não conseguir atingir meu objetivo, vou me frustrar, me desapontar e me deprimir MUITO, portanto, ia competir pensando, unicamente, em ser vista e ficar conhecida por pessoas que sequer sabiam que eu existia, ou ainda, que sabiam da existência de cantores líricos em Natal/RN. Só isso.
Por esse mesmo motivo (experiência), eu também sei que concursos de canto lírico envolvem tantas coisas – há alguns em que o(a) “professor(a) fulano(a)” está na banca e, por “muita coincidência do destino”, os(as) alunos(as) dele(a) vão para a final e até ganham! Incrível, não acham? Há outros em que os jurados confundirem “gosto timbrístico” com “técnica vocal” ou, falando em bom português, elas(es) escolhem as pessoas porque gostam daquele tipo de voz (leve e ágil ou grande e escura) e não porque aquela pessoa possui uma boa técnica e tanto existem pessoas que escurecem a voz (vez ou outra, faço essa bosta e estou tentando parar) ou que tentam forçar um piano nada compatível com as vozes que possuem.
O que acho mais perigoso nessa questão é que são essas as pessoas que, geralmente, ditam “o certo e o errado” em relação ao canto lírico e lógico que tem jurados INCRÍVEIS e com um conhecimento admirável, mas também existem uns que falam tanta bobagem, que não consigo não me impressionar, quando me deparo com esse tipo de situação e fico muito sentida porque vejo cantoras(es) MARAVILHOSAS(OS) sendo desmerecidas(os) por causa de GOSTOS PESSOAIS e de QI (a famoso e velho "Quem Indica") e não por uma “má técnica”, como alguns jurados fazem acreditar.
Mas enfim... Observações sobre concursos de canto lírico à parte – e que nem sei como será esse, pois está em sua primeira edição, entretanto, o que citei acima é muito comum, gente. Não se iludam –, minha intenção era apenas mostrar meu trabalho e ficar mais conhecida, mas que tipo de impressão eu vou passar, estando com a musculatura tão despreparada e ainda gastar dinheiro assim mesmo, sem conseguir dar o melhor que sou capaz de fazer, e sim, o melhor que eu CONSIGO fazer, dadas essas circunstâncias?
Há ocasiões em que lutar “com unhas e dentes” é válido e há outras em que não. Cabe a nós ter a sabedoria de escolher nossas batalhas e sabedoria só se adquire quebrando a cara MUITAS VEZES.
Pesei tudo isso na balança e cheguei à conclusão que o mais lógico era deixar isso para lá e me preparar melhor para outras ocasiões. Meu corpo cansado sentiu – e ainda com sono e dor de cabeça, por ter dormido pior do que o normal – um alívio imenso, como se um dinossauro saísse das minhas costas, mas meu ego enorme tá, até agora, PUTO, brigando comigo e REVOLTADO por eu ter desistido.
Chega a ser engraçado você saber, racionalmente, que foi a melhor decisão a ser tomada, mas que algo aqui dentro está inconformado, te achando uma fraca por ter desistido e que “se você tivesse lutado, teria dado certo”. Muita gente pode me julgar assim e parte de mim vai concordar. Fiquem à vontade.
Eu cresci ouvindo coisas bem depreciativas a meu respeito e APRENDI A SER ASSIM. Ouvia coisas como “você sempre escolhe o caminho mais fácil”, como se nada que eu tivesse feito fosse fruto de esforço e tudo caísse do céu para o meu colo, na maior facilidade do mundo e, com isso, aprendi a não enxergar e reconhecer o suor que me escorre a testa, toda vez que luto por algo, como se tudo o que fizesse fosse insuficiente e, consequentemente, aprendi a não reconhecer o meu próprio valor, nem o valor da minha história e vivências.
Sou PUTA com essa história de “dom” – para cantar assim, eu estudava 3h/dia na Escola de Música e eram 3h/dia CANTANDO e, algumas vezes, nos finais de semana também. Não era lendo. Logo, isso NÃO TEM NADA A VER COM DOM. Foi dedicação e MUITA!
É por começar a enxergar as lutas do passado e do presente que estou tentando mudar o olhar sobre mim mesma e, neste sentido, é muito importante sabermos escolher quando lutar e quando recuar e hoje, tive que fazer o moonwalk. Parte de mim ainda está nesse masoquismo e segue irritada, mas é importante sabermos os nossos limites. Repito o que escrevi num texto anterior: foi por não respeitá-los que eu caí na depressão e na ansiedade!
Inclusive, me impressionei porque mesmo com esse lado egóico ferido por eu não ter insistido, a depressão faz com que as frustrações me deixem mais cansada ou com mais sono e eu durmo mais ainda, mas isso não aconteceu. Estou com sono porque não dormi bem e acordei várias vezes durante a madrugada, simplesmente, e não por desencadear esse “mecanismo de autodefesa involuntário”, pela decepção comigo mesma. Espero que isso seja um bom sinal em direção à cura.
É muito louca essa sensação de você ter consciência que foi a melhor decisão a ser tomada e, ao mesmo tempo, estar com o ego ferido, que te cutuca, dizendo que “devia ter dado o sangue, lutado até o fim, etc”, e isso também me faz pensar o quanto nossa sociedade, atualmente, romantiza muito as pessoas que dormem pouco, “trabalham feito o cão” e não se dão conta o quanto isso é prejudicial à saúde e que estão, na verdade, se matando à conta-gotas.
É duro perceber, também, o quanto nosso ego é enorme (no final das contas, sou leonina mesmo. Hahaha!) e o sabor de enxergar as nossas falhas, fracassos e limitações é muito amargo. Aceitar as coisas como são e enxergar a nós mesmas(os) com bastante honestidade é muito mais difícil do que parece, pois não somos só luz, alegria e beleza. Temos nosso lado tosco, vergonhoso, feio... Mas parece que tal como a moda nas redes de colocar filtros para esconder até os poros da pele que te fazem HUMANA(O) e te fazem parecer um(a) boneco(a) de cera, as pessoas acham que ninguém deve falar de coisas “ruins”... Ninguém deve se mostrar vulnerável... Ninguém pode postar no Instagram uma foto suada(o) e descabelada(o), pq passou o dia lavando louça e que não está numa viagem linda e maravilhosa em Veneza (e a realidade é que o povo mal tem dinheiro pra ir daqui à Macaíba, quanto mais pra Europa)...
Isso me faz lembrar o que a Maria Homem, psicanalista BRILHANTE, falou num vídeo onde explicava sobre o superego e como esse “supra-eu” gozava com a castração do “euzinho lixo”, apontando o dedo para ele e dizendo o quanto ele é ruim, burro, incapaz, etc, o quanto precisávamos perceber que nós não precisamos mais “gozar nesse lugar” e que aprendemos a ser assim desde a infância, na criação e na dinâmica familiar; portanto, desconstruir esse padrão é um processo, e dificilmente é rápido.
É fácil apontar dedos. Difícil é calçar os sapatos do outro, caminhar seus passos e se olhar no espelho, portanto, quem quiser me julgar, fique à vontade. Já estou acostumada e eu mesma também estou irritada, mas muitas coisas hoje não saíram como gostaria e a vida é assim. Nem sempre é feita de vitórias e está tudo bem. Bola pra frente. Sei que haverá outras oportunidades e me prepararei melhor para elas.
Beijão a todes e obrigada por lerem tudo.
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