Solitude
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
Ela anda e chora...
Ela quer ir embora
E não sabe para onde...
Mas o que é que se esconde
Em sua mente agora?
Veem, mas não olham
As lágrimas que rolam
Carregadas ao vento...
Não há alento,
Nem olhar atento...
Só pessoas que ignoram...
Na multidão, ela sozinha,
A cada passo que caminha
Morre aos poucos com a lembrança
De tempos de esperança
Cujo amor, ela tinha...
Terra de cegos sem empatia
E ninguém a lhe fazer companhia
Exceto a chuva que começava
E com ela chorava
Lágrimas de simpatia
Todos correm, ela permanece...
E dos seus problemas, esquece
Pois a água da chuva acalma
Lava o coração e a alma
E a sua vida aquece
E então, ela percebe
Que cada gota que recebe
São de um amor bem conhecido:
O próprio, que havia esquecido
E dessa água, ela se banha e bebe...
E a solidão não fazia mais sentido.
(Daliana Medeiros Cavalcanti - 11/01/2018)
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Omissão dos desejos
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
Ao descortino de seu pudor
Nas palavras que pronunciar
Vira o meu inquisidor...
Quer a mim, mas eu te quero...
Sua amizade... O seu anseio...
Para assim, ter o que espero...
Algo além de seu receio...
Só desperto o pensamento...
E a atitude adormece...
E é então quando acontece
O compartilhar do momento...
Da idéia que aquece
O desabrochar do sentimento
Que se omite, mas não se esquece...
Descobre o véu de sua mente
E revela os seus enigmas
E mostra, então, o que sente
Sem vergonha... Sem estigmas...
A dúvida, assim, perpetua...
Atormentando, assim, a mulher
Que sonha em um dia ser sua...
Aquela que ainda te quer
E cuja resposta jaz no silêncio...
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Por precaução
Para o que o futuro lhe reserva
Que a vida, com firmeza, encare
E a pureza, em ti, conserva
Prepare-se! Aí vem coisa maior
Prepare-se para a ferida,
Prepare-se para a vida,
Prepare-se para o pior...
Cuidado com a chuva
Não fique aí parada!
Cuidado com a curva,
Cuidado com a estrada...
Prepare-se, menininha
Prepare-se enquanto é dia
E que nas trilhas onde caminha
Deixe a consciência ser seu guia
Tenha cautela total
Sempre mantenha a mente sã
Avisei de maneira tal
Pois sou você amanhã...
(Daliana Medeiros Cavalcanti – 11/12/2003)
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Acalanto
Tenha um descanso sereno...
Mamãe a assiste soturna
Ao lado de seu corpo pequeno...
Dorme pois o dia é passageiro,
Mas a dor é eterna como um açoite
Toma meu beijo de boa noite
Apesar da morte tê-la beijado primeiro...
Descanse, criança de meu ventre
Descanse, pois o momento é eterno...
Descanse de sua vida, enquanto padeço no inferno...
Fechando os olhos para sempre...
Criança, cujas mãos se unem ao peito,
Deixe a terra ser seu cobertor...
Deixe o buraco ser seu leito...
E minhas lágrimas, um ato de amor...
Criança, cujo rosto eu me lembro...
De quando chorava... De quando sorria...
De quando não chegaste a este fim...
Nasceste um dia...
Morreste em setembro...
Mas, continua dentro de mim...
Boa noite e durma com os anjos
Pois é com eles que você estará...
Durma, durma e descanse em paz...
*Lágrimas...
Lágrimas...
Nada mais...*
Eu te amo... minha filha...
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Arcaico e Contemporâneo
De longe, triunfante, o suserano
Caminha ostentando suas riquezas
Seus passos com um toque leviano
Implícitas estão suas fraquezas
Mascaradas com seu ar de soberano
Pobre nobre com tamanha prepotência
Que julga a todos por sua inteligência
E que não teme a demonstrar a preferência
Àqueles de sua convivência
Tão grande é sua soberba e seu ego
Que não vê os humildes à espreita
E tão incerta é a sua colheita
Por render-se a um amor tão cego
Amor este de cunho tão miúdo
Que tem pouca relevância nos fatos
Menor ainda a importância no conteúdo
Uma vida inteira voltada para o status
Tão fúteis os seus motivos
Tão tola é a hereditariedade
Quando o que se deve manter vivo
É o amor de quem o ama de verdade.
(Daliana Medeiros Cavalcanti – 14/04/2007)
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Nostalgia presente
Meu nome, jamais chameis.
Mergulhei completamente no cais
O cais que deveras fez
Não toques mais em meu rosto!
Afaste-se de minhas memórias!
Teus feitos enchem-me de desgosto
E junto a ele, vão-se as glórias.
As lágrimas que me escorrem a face,
São as mesmas que viste ante a sua partida
Aumentaram devido ao nosso desenlace,
Diminuíram por não seres mais uma pessoa querida
Rígido está meu coração.
Congeladas estão as lágrimas que por ti derramei.
Não te concederei meu perdão.
Nem compaixão dar-lhe-ei
Meu cérebro não pensa mais em ti
Como um grande amor do passado
Mas como um erro que cometi
O erro de um dia ter te amado
Tua alma fétida clama por vida,
Mas uma vida ao seu lado é o cúmulo do cúmulo
Que minhas palavras abram em ti uma ferida
E que as carregue consigo até o seu túmulo.
Ide agora e o diabo que o carregue!
Esfregue as lágrimas dos olhos teus
Essa cena foi motivo de ficar alegre
Pelo seu sofrimento rele. Adeus...
(Daliana Medeiros Cavalcanti - 2000)
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Jardins Suspensos
Qual a tua colheita?
Em meio à plantação
De atmosfera rarefeita?
Vivendo com devoção
Em meio a tanta desfeita?
Responda-me com urgência
Por que num mundo corrompido
Se agimos com inocência
O encontramos todo partido?
Se a bondade também faz mal
Por não sermos todos retribuídos
Como agir agora, afinal,
Sem nos termos destruído?
Se o servir humilha
Com o desprezo e o desdém
Como seguir a trilha,
Sem me tornar uma refém?
Se o egoísmo é benigno
E se doar é uma tolice,
Seria então, mais digno
Se cuidasse da superfície?
O que consegues senão
Reciprocidade não aceita?
Adubas sementes de boa ação
E outra pessoa as rejeita?
Diga-me, querido coração...
Qual a tua colheita...?
(Daliana Medeiros Cavalcanti - 14/05/2011)
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Caos silencioso
Para evitar discussões
Com opiniões que repudio
Sem que entendam minhas razões...
Emudeço e me calo
Reforçando a fortaleza...
Nas muralhas que escalo,
Não escapo ilesa...
O cansaço, então, me toma
E todo o caminho se elinha em nó
A vontade de parar se soma
E me sinto, então, tão só...
Busco a calma e a paz
Reunindo força interior
E na falta que o som faz,
Busco palavras de amor...
Quisera eu me refugiar em teus braços
E me abrigar em teu perfume
E fazer disso um costume
Por tempos e espaços...
Quisera eu ser sua
Em meio ao caos da tempestade
Mascarado pela mudez, que continua,
Ocultando toda a verdade...
E o silêncio, Faixa de Gaza
Vai me fortalecendo...
Sendo ele, a minha casa,
Me destruindo e te protegendo...
(Daliana Medeiros Cavalcanti – 15/09/2011)
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Evocação
Arte: Michael e Inessa Garmash
Os teus lábios, beijei com fervor
E a embriaguez de tua pele perfurmada
Despertou-me delírio e calor
E sonho contigo, oh, amada
E vivo, tão somente, pelo teu amor
Nos seus belos cabelos dourados
Que reluzem como os raios solares
Me roubam os tempos passados
E trazem os tristes despertares
E agora, só choro acordado
A lembrança do carinho que te dares
No horizonte azul deste céu
Em teus feitiços caio
Descortina-se a verdade em véu
Nas noites tão tristes de Maio.
Recordo o meu amor ao léu
E da realidade saio
Vivendo da recordação,
Em meio a real dor,
De um romance de ilusão...
Um lindo sonho de amor...
(Poesia original: Sylvio Salema
Reescrita por: Daliana Medeiros Cavalcanti em 11/03/2013)
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Desolação
Arte: Take-Bamboo (DeviantArt)
Que me abraça e me envolve...
Afasta de mim e devolve
O doce sorriso de amor...
Nuvens negras e carregadas
Pairam sobre meu pensar
E me trazem lágrimas caladas...
Chovem e trovejam sem estiar...
E meus fantasmas retornam...
Me tormentam...
Me apavoram...
Meus olhos transbordam...
E recordam...
A alegria sussurra
E a tristeza grita!
O coração empurra...
A melancolia fita...
Os caminhos convergem
Numa triste direção...
E as memórias regem
Os lamentos do coração...
E nos pensamentos permaneço...
Sem ajuda... Nem socorro...
Externamente, esmoreço...
E internamente, eu morro...
(Daliana Medeiros Cavalcanti - 17/02/2014)
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Tempestade Serena
No azul de teus olhos, mergulhei...
No mar de mistérios ondulantes
Dos lindos sonhos que sonhei
Perpétuos na maré de instantes...
Em tua pele quente, me envolvi
E aspirei o teu doce aroma
E me entreguei aos beijos que devolvi
Saciando o desejo que me toma
Os teus doces lábios, eu provei...
E acariciei os teus cabelos espumantes...
O sal... O teu sabor, eu amei...
Meus pensamentos, em ti, tão errantes...
E em tuas profundezas, eu mergulho...
E em teu infinito, permaneço...
Embalada ao som de teu marulho...
Eu não esqueço, amor... Não esqueço...
E vou te amando em ondas constantes...
Entoando, em meu corpo, um triste cantar...
Nos imaginando sempre como amantes...
Fluidos e intensos como as águas do mar...
(Daliana Medeiros Cavalcanti - 31/12/2014)
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